Há meses que não escrevo uma palavra. Quase como se estivesse de abstinência ou a fazer uma cura de desintoxicação.
Às vezes tenho ressacas. Dói-me o corpo e os dedos, sinto a cabeça cheia de palavras e frases, numa urgência de saírem por mim afora. O peito aperta-se-me e sinto-me prestes a explodir. Mas, depois, nada. Segue-se um vazio imenso, como se estivesse prestes a gritar: enchesse o peito de ar, abrisse a boca e dela apenas saísse silêncio. Um grito mudo. Um grito que nunca chega a sê-lo. E como que para me inebriar, afundo-me nos livros dos outros, nas palavras dos outros. À espera de ali encontrar as minhas. As minhas palavras que sucumbem ao vazio, que se calam.
Tenho saciado a fome de palavras, devorando livros, uns atrás dos outros. Como o alcoólico que bebe água a fingir que é vinho ou o fumador que masca pastilhas para distrair o desejo do cigarro, eu alimento-me de livros, enganando a vontade de escrever.
Caminho para a recuperação devagarinho. Este texto pode ser o inicio.
Às vezes tenho ressacas. Dói-me o corpo e os dedos, sinto a cabeça cheia de palavras e frases, numa urgência de saírem por mim afora. O peito aperta-se-me e sinto-me prestes a explodir. Mas, depois, nada. Segue-se um vazio imenso, como se estivesse prestes a gritar: enchesse o peito de ar, abrisse a boca e dela apenas saísse silêncio. Um grito mudo. Um grito que nunca chega a sê-lo. E como que para me inebriar, afundo-me nos livros dos outros, nas palavras dos outros. À espera de ali encontrar as minhas. As minhas palavras que sucumbem ao vazio, que se calam.
Tenho saciado a fome de palavras, devorando livros, uns atrás dos outros. Como o alcoólico que bebe água a fingir que é vinho ou o fumador que masca pastilhas para distrair o desejo do cigarro, eu alimento-me de livros, enganando a vontade de escrever.
Caminho para a recuperação devagarinho. Este texto pode ser o inicio.
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Vá lá, digam qualquer coisinha...
...por mais tramada que seja...