Estou sentada no sofá do supermercado junto aos livros. Incrivelmente este supermercado tem um sofá para quem vê livros. Confesso que sou uma parasita das livrarias, daquelas que lêem muitos pedaços de literatura e raramente compram alguma coisa. Namoro livros durante meses, às vezes anos e só os compro quando já se criou uma certa intimidade entre mim e eles, ou entre mim e os seus autores. Também compro por impulso, mas é mais raro agora que tenho menos dinheiro para consumismos. Hoje, levo comigo para o sofá o Lobo Antunes e o Rodrigo Guedes de Carvalho. Vou lendo pedaços de um e de outro. Salto capítulos, reviro os livros e escolho páginas aleatórias na tentativa de entrar nas histórias e nas palavras. Mergulho em parágrafos que me marcam, afundo-me em frases que me fazem eco. Volto à superfície. Por momentos, desvio o olhar dos livros para perceber o que se passa à minha volta. Entram e saem pessoas do supermercado. Há um homem que passa de guarda-chuva em punho como se fos
Aqui, fala-se de filhos e de tudo o resto...