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A mostrar mensagens de setembro, 2017

O bailado

Faltava cerca de meia hora para o sol se pôr sobre as águas do Atlântico. Na esplanada da praia, conversavam, um em frente ao outro. Ela, de top branco semi-decotado e casaquinho leve e escuro aberto, a cair-lhe dos ombros, parecia não sentir o frio que o vento trazia. Ele, de camisa aos quadrados e barba da moda como a de quem não segue modas, mantinha os pés descalços, um na areia e outro sobre o banco corrido, enquanto enrolava cigarros e a ouvia. No meio da conversa, ela deitava-lhe olhares profundos e deleitados ao mesmo tempo que afastava o cabelo para trás dos ombros ou passava a mão pelo pescoço nu. O nervosismo que tentava segurar entre o esforço por dar uso às mãos, ao olhar, ou às palavras, era visível da mesa em que eu me sentara.  Os copos à sua frente já se encontravam vazios há algum tempo. Não havia a possibilidade de bebericarem de vez em quando. Talvez até já se tivessem esquecido desse pormenor que os poderia ajudar a filtrar a tensão do momento e torná-la me