Em pé, agarrada à pega do tecto, vou passando o olhar por quem habita o metropolitano. Por escassos minutos aquela é a nossa casa. Somos perfeitos desconhecidos que se encontram por momentos. Muitos de nós nunca mais nos iremos voltar a ver. São minutos preciosos em que pousamos os olhos uns nos outros e conhecemos estranhos, sem nunca os conhecermos realmente. Há quem não tire os olhos do telemóvel; quem não tire os olhos das paragens que vão passando do outro lado da janela; quem olhe o tecto ou o infinito. Eu olho-os a todos, tento ler-lhes nas expressões o que lhes vai na alma. Quero saber em quem pensam, como lhes correu o dia, de onde vêm e para onde vão. Tento adivinhar-lhes as paragens de destino pela forma de vestir, pelo comportamento, pela inquietação. Conto os dos telemóveis e são a maioria. Conto os das malas e há muitos. O aeroporto será o destino dos das malas certamente... Para onde irão viajar? Tento agora adivinhar-lhes a nacionalidade. Preciso de uma palavra para
Aqui, fala-se de filhos e de tudo o resto...