Os óculos do contrabaixista dão um pulo em direcção à ponta do nariz a cada nota tocada na parte mais baixa do instrumento.
O guitarrista estende a guitarra para trás com emoção para deixar soltar os sons mais estridentes.
Ao fundo, o baterista toca de olhos fechados, vivendo a percussão nos tambores e pratos dentro de si mesmo.
O saxofone desce aos joelhos do músico quando a música se torna mais vibrante.
No banquinho de cortiça, que dá para a lateral do baterista, o miúdo. Nos seus 12, 13 anos, numa luta com o sono, esforça-se para manter os olhos abertos e sorver cada gesto do músico dos tambores. Observa atentamente como que a beber cada pancada, cada toque, das baquetas.
Em frente ao palco, sentado no sofá de napa que dá o ombro à banda, um homem mais velho. De olhos fechados como os do baterista, coca-cola à frente e dedos a tactearem timidamente por debaixo da mesa ao som da música. O gesto da mão direita do homem repete os dedos do saxofonista na transição de notas que empresta ao jazz.
Os pontos altos da melodia são assentidos com um movimento de cabeça discreto, como que a dizer "sim, é isso, perfeito". Dentro dele, o improviso dança. Há anos que lá deve dançar... Vive ali, numa compreensão incompreendida dos leigos. Mora-lhe na ponta dos dedos e sai-lhe pelos poros: o jazz.
O homem mais velho e o miúdo entendem-se no amor à música. Um pelo seu perfeito entendimento, outro pela sede de a aprender.
Estão longe em anos e no espaço, mas perto, tão perto, nessa leitura de sons que lhes embala, só a eles, a alma.
O guitarrista estende a guitarra para trás com emoção para deixar soltar os sons mais estridentes.
Ao fundo, o baterista toca de olhos fechados, vivendo a percussão nos tambores e pratos dentro de si mesmo.
O saxofone desce aos joelhos do músico quando a música se torna mais vibrante.
No banquinho de cortiça, que dá para a lateral do baterista, o miúdo. Nos seus 12, 13 anos, numa luta com o sono, esforça-se para manter os olhos abertos e sorver cada gesto do músico dos tambores. Observa atentamente como que a beber cada pancada, cada toque, das baquetas.
Em frente ao palco, sentado no sofá de napa que dá o ombro à banda, um homem mais velho. De olhos fechados como os do baterista, coca-cola à frente e dedos a tactearem timidamente por debaixo da mesa ao som da música. O gesto da mão direita do homem repete os dedos do saxofonista na transição de notas que empresta ao jazz.
Os pontos altos da melodia são assentidos com um movimento de cabeça discreto, como que a dizer "sim, é isso, perfeito". Dentro dele, o improviso dança. Há anos que lá deve dançar... Vive ali, numa compreensão incompreendida dos leigos. Mora-lhe na ponta dos dedos e sai-lhe pelos poros: o jazz.
O homem mais velho e o miúdo entendem-se no amor à música. Um pelo seu perfeito entendimento, outro pela sede de a aprender.
Estão longe em anos e no espaço, mas perto, tão perto, nessa leitura de sons que lhes embala, só a eles, a alma.
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