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Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2016

Castigo ou Consequência?

Dizem que os castigos são correctivos; que ensinam as crianças a não cometerem os mesmos erros; que penalizam aos maus comportamentos. Dizem. Os castigos não servem para nada, senão para revoltar as crianças. Digo eu. Não ensinam nada, chateiam. Chateiam todos: os filhos e os pais. E impregnam a sociedade de vícios nocivos à sua evolução. As crianças não aprendem nadinha quando são castigadas. Mentira, aprendem que a autoridade é injusta; que a autoridade não está ali senão para as chatear e que a melhor forma de lhes escapar é esconderem bem os erros de maneira a não serem descobertas. Também as ensina a mentir e a terem medo das sanções, tornando-as cobardes e dissimuladas. Temos os exemplos de inúmeros colegas de trabalho que, ao fazerem asneira no serviço, escondem-na debaixo da mesa para não serem apontados ou castigados. A sociedade move-se para encobrir falhas, erros, incompetências, acreditando que é na perfeição que está o sucesso. Se calhar até está, mas o sucesso

O sinistro caso da espécie humana

Durante grande parte da minha vida, vivi afastada das pessoas. A sua extrema complexidade e a minha extrema timidez afastaram-me delas e aproximaram-me dos animais. Achava-os mais simples, mais básicos e, por isso, mais sinceros. De há uns anos para cá, as pessoas começaram a fascinar-me. Talvez por ter crescido, talvez por ter conhecido mais gente e ter passado por muitas situações na vida em que as pessoas mostraram de que massa são feitas, talvez porque percebi que, afinal, não são assim tão complexas. Não sei dar uma explicação concreta, mas a verdade é que hoje vivo fascinada por pessoas. Dedico grande parte dos meus dias a observá-las. Adoro reparar nos gestos, na forma como falam, no olhar, nas palavras. Desta observação que faço aos humanos, esta é parte boa e apaixonante. Porém, este fascínio não se resume à parte boa. Há a parte má, aterrorizante até, mas não menos fascinante. E esta aparece na altura em que me ponho a ouvir-lhes as opiniões e, agora, a ler-lhes os comen

A educação dos porcos

Assusta-me o que andamos a ensinar às crianças. Avaliarmos o nível de qualidade de ensino pela oferta pedagógica... Repugna-me a expressão "a oferta pedagógica". Não sei porquê, repugna-me apenas. A liberdade de escolha por que tantos pais vestem t-shirts amarelas não é liberdade nenhuma. É seguidismo. Seguidismo do que é caro, do que é "bem", do que é politicamente correcto proporcionar-se aos filhos. "Proporcionar-se aos filhos" é outra expressão que me repugna. Aos filhos não se proporciona nada. Dá-se de peito aberto e por inteiro. Ou não se dá. Não se proporcionam ofertas pedagógicas. Não se proporciona o desenvolvimento de capacidades. Estimula-se através do contacto, do exemplo, do carinho, do amor. Os filhos não são projectos, são filhos, são pessoas que devíamos amar acima de tudo e preparar para a vida logo a seguir. E preparar para a vida não é só escola, ou competências, é o toque, a palavra e a atenção. Já pouco se amam os filhos. Propor

À noite acocorada pelo frio

São 3 da manhã e eu aqui por deitar. E por levantar amanhã cedo... Gosto da noite que me envolve em silêncio. Apetece-me escrever coisas no silêncio da noite, só pelo prazer de escrever. Solta de qualquer tipo de amarras. Escrever só para mim. E no entanto, já não sei escrever sem público, sem que me leiam... Preciso que me leiam e sinto-me estúpida por isso e porque tenho necessidade de uma escrita mais privada. E é ambígua esta necessidade. E estúpida.  Pareço uma estrela desejosa de ser aplaudida e sinto-me ridícula. E sou ridícula. E vou domir que isto passa!