Isto de ser trapezista não é fácil. Ter uma corda como chão, que ao mínimo sopro balança de um lado para outro, empoleira-nos a vida em dois centímetros de espessura.
Pé ante pé, procuramos apoio num fio que nos foge dos dedos e nos rouba o equilíbrio. Entregamo-nos, então, a uma busca interminável e insana para o tentar recuperar.
Se o sopro cresce em ventania, a insanidade envolve-nos num abraço doloroso de onde incansavelmente nos procuramos soltar. Mas sem nos mexermos muito não vá um pé, da corda, escapar.
Isto de ser trapezista é coisa de loucos. Iça-nos no ar e obriga-nos a decidir se tombamos mais para a esquerda, ou mais para a direita, sem sabermos, porém, de que lado está o equilíbrio.
Clama a dúvida: Será que ele se esconde em dar a mão ou deixar ir?
É que isto de ser trapezista é quase tão difícil quanto ser mãe.
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Vá lá, digam qualquer coisinha...
...por mais tramada que seja...