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O Natal é Quando Um Gato Quiser

Nesta casa não somos grandes entusiastas do Natal. Talvez por culpa minha que não sou grande fã de decorar a casa, nem de compras e que só de pensar em ter uma catrefada de coisas para comprar e ter de enfrentar centros comerciais repletos de gente possuída pelo génio do consumismo, fico com dores de cabeça.

Por isso, e porque sou uma preguiçosa da pior espécie, a árvore de Natal só foi montada ontem. Por mim, claro. Que ninguém mais se chegou à frente. E a verdade é que eu esperei. Esperei quase até ao dia de Natal, mas o pessoal cá de casa fez orelhas moucas. Cada vez que eu falava da árvore de Natal, olhavam para o lado, assobiavam, desconversavam. 
Ontem, já fartinha de tanto esperar, a ver o Natal aproximar-se e esta casa sem qualquer sinal de que a época natalícia se aproximava, meto mãos à obra. Vou buscar o saco onde guardo a tralha do Natal e desato a montar a árvore. 
Foi uma festa. Mal pouso o saco no chão, ainda com tudo lá dentro, o Gatossoa atira-se lá para dentro e revolve-o. Ele é bolas a fugir-lhe pela casa fora, é fitas enroladas nas pernas das mesas, é sininhos a tilintar. O gato torna-se a alegria em pessoa. De tal maneira que quando acabo de montar a bela da árvore, tenho que prender o gato na cozinha ou hoje de manhã ainda ia dar com o bicho electrocutado e a árvore em fanicos.

A ver se a aguento até ao dia vinte e cinco. 
Mas duvido muito!

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