Sei que ando um bocadinho afastada daqui.
No fundo, no fundo, não é só daqui ou nem é daqui. Ando afastada desta coisa da escrita porque também destas coisas que se passam na vida. Das notícias, das polémicas, das conversas, das pessoas. Das pessoas. Cada vez mais das pessoas. Afligem-me muito. O que pensam, o que dizem, o que sentem. Mas o mal é meu que não consigo entendê-las. O mal é meu que não consigo dar a importância necessária a coisas, para mim, frívolas. Ou é meu que não encontro pessoas com quem sinta proximidade intelectual além dos meus muito próximos. Não que me sinta superior, que não sinto, é mais uma coisa de sintonia - não me sinto em sintonia com mais ninguém além dos meus muito próximos. Parece que estou sempre noutra, numa muito diferente da dos outros.
Às vezes, chego a ter a sensação que vivo num planeta diferente.
O que a mim me parece claro e lógico, aos outros parece completamente ridículo e sem nexo. E vice-versa. Não que eu ou os outros sejamos melhores ou piores. Somos diferentes, muito diferentes, tão diferentes que poderíamos ter um oceano ou um céu a separar-nos. Daí a sensação de assincronia. Daí a ideia de imensidão entre nós, de incompreensão.
De solidão.
Compreendo muito bem, sinto o mesmo muitas vezes. Mas penso que nunca estamos sozinhos naquilo que somos ou pensamos, apenas desencontrados dos semelhantes. E por vezes à nossa volta até andem pessoas com realidades interiores talvez parecidas, mas que não se vislumbram na parte de fora ou que simplesmente não se conseguem comunicar e que por isso é como se não existissem.
ResponderEliminarSim, pode ser. Mas essa inexpressão dos sentimentos torna as relações um pouco vazias.
Eliminar:(