Passar pela casa onde vivi, percorrer caminhos antes feitos a cavalo, procurar o meu cão desaparecido há mais de dez anos e tentar perceber onde foi que me perdi. Algures por aqueles campos verdes, por entre caminhos de terra, estradas e vinhas perdi um pouco de mim. Tal como sempre que por ali passo procuro o cão desaparecido, também procuro aquela parte do meu fundo que por lá ficou. Talvez entre o cão e a égua já ida estará o eu que tento redescobrir.
É com clareza que me vejo a cavalo, é com verdade que sinto o vento na cara, que cheiro a terra e vejo o sol a baixar no monte lá longe. A palha pica-me as pernas, enfiada nas calças e o cheiro a estrume e a ração estão ainda tão presentes aqui.
E no entanto, o que foi feito de mim? Que parte é essa que se foi nos meus bichos e me transformou tão sozinha deles, e de mim?
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Vá lá, digam qualquer coisinha...
...por mais tramada que seja...