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Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2014

Do Prazer da Escrita

Ando a frequentar um curso de escrita criativa em que escrevo sobre as mais variadas coisas num tempo cronometrado. Saem-me as ideias aos jorros e a caneta raramente consegue acompanhar a rapidez do pensamento.  Sinto que era capaz de fazer isto oito, nove, dez horas por dia. Para o resto da vida.

Criminalização de Maus-Tratos a Animais de Companhia, Guerra na Faixa de Gaza e Selfies aos Molhos

Aparentemente, estes três assuntos nada têm a ver uns com os outros. Aparentemente não, não têm mesmo nada a ver uns com os outros. Se procurarmos bem, talvez encontremos um ténue ponto em comum. Esse ponto quase invisível estará situado lá para os lados do ridículo de cada um deles, mas só os mais perspicazes o encontrarão, já que o ponto se vê mesmo muito mal. A criminalização de maus-tratos a animais de companhia  traz o "ridículo" nos animais de companhia. Haver animais denominados "de companhia" já é um maltrato mais do que suficiente, já não é preciso sequer dar um safanão ao animal. A existência de animais-coisas basta-se a si própria como agressora. Mas o Homem de tão poderoso que é, não se podia deixar ficar numa amena posse animal, e inventou uma classificação para certos animais que os coloca abaixo de animal-coisa ou "de companhia". São os animais cuja agressão gera dinheiro e que, por isso, já se podem bater e abater à vontade. Estes anim

Sei Que Estás Aqui

Às vezes, sinto-me sozinha. Tão sozinha, neste mundo, que acho que ninguém me entende. Nessas alturas, falo contigo e sinto-me menos sozinha. Ou acompanhada na minha solidão. Vejo-nos aos dois, juntos e sós, no meio de uma multidão. Chega a ser claustrofóbico. Tento respirar o ar dos outros, mas ele não me chega. Não nos chega. Tento falar-lhes, mas não me ouvem. Ou fingem que não ouvem. Ou não me saem palavras que queiram entender. Às vezes, esta solidão preocupa-me. Outras não. Sei que estás aqui. E isso chega-me.

Trabalho a Favor da Comunidade

Eu - J., vai pôr a mesa! J.- Oh mãe, não, isso é que não! Eu - Vai lá, é a tua função nesta comunidade. J.- Oh não! Então quero mudar de comuna. Eu - Muda, muda. Vê se arranjas outra comunidade onde te dêem de comer, vestir, amor e carinho como nesta. E onde nem sequer tenhas que pôr a mesa. J.- Pronto, ok, já vou pôr a mesa!

A Propósito da Nova Mania De Que Todo o Mundo Sabe Fotografar

Não é o tamanho da objectiva que faz o grande fotógrafo. Daqui Daqui Era só isto.

Leituras

Vim aqui só avisar que ando a ler a Biografia Involuntária dos Amantes para o caso de alguém estar interessado em saber. DAQUI Continuo com a síndrome das folhas em branco  que no meu caso nunca foi página, já deixou de ser folha para passar a ser folhas e vou a caminho do caderno. Ou seja, continuo aparvalhada. Não me liguem, ok?

Síndrome da Folha Em Branco, aka (also known as) "Aparvalhice" Minha

Ando numa fase desastrosa. Tenho uma vontade imensa de escrever, mas primeiro que saia alguma coisa desta cabeça são altas horas da madrugada e acabo por ir para a cama sem uma palavrinha escrita que seja. Se eu fosse uma escritora, podia dizer-se que estava a sofrer a síndrome da folha em branco, mas como não sou, ando apenas a aparvalhar. Visto que já me superei e escrevinhei uma linhecas, vou dormir que já está na hora. Boa noite, meus doces!

Do Jornalismo

Tenho reparado que o acidente/atentado do avião da Malaysia Airlines motivou uma onda de consternação e revolta quanto à exploração das imagens da tragédia pela comunicação social. O jornal mais atacado pelas vozes indignadas foi o Correio da Manhã pela capa de hoje.  Detesto o  Correio da Manhã. Acho que é do piorzinho jornalismo que se faz em Portugal (reparem que estou a ser uma querida por ainda chamar àquilo "jornalismo"), mas neste caso venho aqui para o, mais ou menos, defender.  Na verdade, não me espantam nada estas capas de jornais, em que se explora a imagem da desgraça para se vender notícias. Não concordo, não gosto, desprezo, mas não me espantam. O que me espanta é as pessoas indignarem-se todas quando se trata de mortos e esquartejados, mas adorarem, e até incentivarem, quando se trata da devassa da vida de gente de corpo inteiro e vivinho da silva. Mas adiante. Por outro lado, não posso deixar de chamar a atenção para o caso da imagem abaixo, que foi d

Castelos

Ver-te, o tempo todo, a encestar no cesto do quarto, no da rua, nos caixotes do lixo ou num cesto imaginário é ver-me a fazer rodas em todas as ruas sem trânsito e pinos em todas as paredes sem portas ou janelas.   Sempre que te observo a imaginares jogos em que todos os jogadores és tu, lembro-me dos concursos de ginástica em que todas as concorrentes era eu. Ralho-te, porque é a minha função evitar o exagero e despertar-te para outras coisas, mas sinto essa obsessão que se apodera de nós quando gostamos realmente de alguma coisa. Sinto a força que nos domina e nos faz ultrapassar os limites que o corpo nos tenta impor. E sei que a nossa vida se vai alimentando disso, da transposição de barreiras e da criação de novas, em que vivemos dessa adrenalina e respiramos as nossas secretas vitórias. Uma após outra, como se de tijolos se tratassem, vamos construindo o nosso castelo imaginário, onde somos reis e senhores. Sabes, filho, ainda hoje tenho os meus castelos? Mais pequeninos d

#25 Músicas Que Entranham

Adoro esta voz.

Ó 'Faxavor, Tenho Uma Dúvida!

DAQUI Será que não é possível lutar-se por uma causa sem a tornar numa espécie de religião cheia de mezinhas e rituais parvos? Só para saber...

Vampirizar

Uma multidão cerca-nos. Olhamos em volta e só caras desconhecidas. Tentamos decifrar expressões, ler pensamentos, ver para além das expressões e dos pensamentos.  E nada.  Fechamos os olhos e inventamos histórias para as caras que se gravaram na nossa mente. Imaginamo-las íntimas entre elas, a amarem-se e odiarem-se num quotidiano monótono em que as conseguimos ver a acordar, a lavarem-se, a vestirem-se, a comer, a abandonarem-se.  Caras estremunhadas, caras desconhecidas estremunhadas. Abandonadas. Somos nós que as rodeamos agora. Tal predador em volta da presa, cheiramo-las, inspiramos-lhes o odor até nos inebriarmos de fome e nos fixarmos na ideia de as devorar.  Num salto, atacamos-lhes o pescoço da alma e sorvemos-lhes a essência. Sugamo-las por inteiro até as possuirmos. São nossas. São nossas.  É a partir deste momento que as podemos estampar numa folha de papel e escrevê-las, desenhá-las, apagá-las e reescrevê-las novamente a nosso bel-prazer. São nossas

Sessenta Anos

Sessenta anos. Fazes hoje sessenta anos e eu lembro-me bem de ti com menos de trinta. Mais novo do que eu agora. Quase dez anos mais novo do que eu agora.  Olho para trás e vejo que o tempo passou sem que nos tivéssemos dado conta. Houve várias vidas que deixámos lá longe, à distância de muitos dias, e de ausências, e de vozes perdidas. Deixámos lá atrás o som da música que ouvíamos, a beleza das paisagens, as conversas, o mar... Deixámos lá e não podemos voltar para ir buscar esses momentos.  Apenas a memória nos devolverá a sensação que eu criança e tu jovem trintão. A memória e o aperto no peito... Lembro a espera. Lembro tão bem a espera. Sabes, pai, se há coisa de que me lembro em criança é da espera? De te esperar sem que viesses. E, quando vinhas, da cabeça fora da janela do carro e do vento que me embaraçava os cabelos e me secava a boca. E do vento, pai. Lembro-me bem do vento. E da tua voz entre o vento... Pois é, pai, sessenta anos e eu quase quarenta. E vidas deixa

Passinhos Pequeninos

Lembram-se  DESTE POST ? O meu filho foi o único miúdo da escola que se recusou assinar aquela treta. -A minha mãe diz para eu não assinar! - respondeu à professora que lhe colocou aquela porcaria à frente. -Se não assinas, vou ter que te anular o exame! - ameaçou a professora. Desfez-se em lágrimas em pleno exame de Português e assinou. Perante a aflição do meu filho, a professora foi verificar com o secretariado de exames a veracidade das suas palavras. Confirmou que estava errada. -Afinal se não assinares, não temos que anular o teu exame! Riscamos a tua assinatura? -Sim. - respondeu o meu pequeno revolucionário. -Mãe, sob ameaça tive que assinar! - justificou-me. -Fizeste bem. Só tenho pena que tivesses que passar mais esse  stress ... Pensei que não iam entregar esse papel este ano... Perguntei à tua professora e ela não sabia. Pensei que tinham desistido dessa porcaria... Desculpa. -Como me tinhas dito para eu não assinar, que ainda não era responsável, diss