Os santinhos são seres cheios de coragem.
Nas costas dos outros são heróis, dizem tudo o que lhes vai na alma, refilam, insultam, indignam-se, revoltam-se.
Na frente, vão buscar a auréola ao armário, colocam-na sobre a cabeça e desatam a lamber as botas ao (anterior?) alvo da sua revolta. O brilho-espelho das botas é o limite das lambidelas.
Os santinhos não são pessoas, são seres divinos! Estão tão acima de nós, míseros humanos, que já ganharam essa capacidade extraordinária de encaixe, que os desprouveram de personalidade. Moldam-se perfeitamente à imagem que fazem deles e não precisam de se chatear com insignificâncias como princípios, valores ou moral.
Os santinhos não magoam ninguém, são bondosos. A dimensão dessa bondade é tão imensa que, para não ferirem susceptibilidades, abstém-se de dizer seja o que for que possa beliscar os egos dos visados.
À frente não dizem, claro! Mas nas costas...
À frente não dizem, claro! Mas nas costas...
E os seus corações são enormes... Tal como as línguas. Não por serem "linguarudos", que não são, mas por as ampliarem de tal forma a conseguirem lamber botas gigantes.
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Vá lá, digam qualquer coisinha...
...por mais tramada que seja...