Avançar para o conteúdo principal

Um Marado, Convicto Que Podia Mudar o Mundo, Chamado Jesus

Como sabem não sou crente. Não acredito em deuses, nem em diabos, não me identifico com qualquer religião, por mais bonita que ela se enfeite, mas, apesar de poder parecer-vos estranho, acredito que, um dia, existiu este marado, convicto que poderia mudar o mundo, chamado Jesus. E acredito nisso, não por ter tido uma educação religiosa ou por me terem impingido versões demasiado fantasiadas da coisa, mas porque tenho noção que este mundo nunca esteve perto da perfeição, ou de ser um lugar idílico, e porque, felizmente, sempre foram aparecendo, ao longo da História, alguns loucos que achavam que poderiam mudar alguma coisa, por mais pequena que ela fosse, e porque talvez eu também tenha, ainda, uma réstia de esperança que há coisas que se podem mudar, se acreditarmos nelas com muita força.
E acredito na história de Jesus, tal como acredito na história de Galileu, Darwin, ou de qualquer outro louco que enfrentou o mundo de frente e de peito aberto. 
Mas a minha visão da história dele aproxima-se mais da do filme Jesus Christ Superstar do que da da Bíblia, porque o vejo enquanto humano e não enquanto ser divino. 

Se é verdade que a história de Jesus tem, ao longo de séculos, mudado corações de forma a tornar os seus portadores melhores pessoas, também não deixa de ser verdade que a distorção dessa mesma história tem endurecido outros e servido de mote para as maiores atrocidades cometidas ao longo da História (e, aqui, refiro-me às Cruzadas, à Inquisição e às, passadas e presentes, tomadas de posição do Papa e da Igreja, entre muitas outras tantas).

E é por ver Jesus como um homem "louco" que arriscou, com a própria vida, mudar o que, à partida, parecia imutável que, para mim, o Natal não é uma celebração religiosa; não é o mar de presentes e a hipocrisia consumista; não é a árvore de Natal, o presépio ou a Missa do Galo. Mas é uma merecida homenagem a este, e a todos os outros marados que, através das suas convicções e força anímica, acreditaram um dia que a mudança daquilo que não estava bem, era o caminho; que não se importaram de dar a vida pelas suas causas; que não hesitaram em tentar e em inovar, mesmo que para isso tivessem que remar contra muitas marés ou chocar as mentes mais (e, até, as menos) conservadoras e, sobretudo, que tiveram a ousadia de arriscar, sem medos, numa tentativa heróica de construir um mundo melhor.

Comentários

  1. sou crente... mas a "politica"(?) religiosa está, cada vez mais, esfrangalhada.
    começa a haver um número sem fim de "políticas"(?) religiosas que nos dão a imagem de Jesus, cada uma à sua maneira, ou seja... eu começo a não entender como foi, afinal, o verdadeiro Jesus ao confrontar-me com tanta tese "contemporânea" (de última hora).
    uma coisa sei... acredito no Criador.

    bj...nho

    ResponderEliminar
  2. Sérgio Figueiredo,
    Eu não acredito, mas respeito quem acredita.
    Só tenho pena que alguns crentes não respeitem os não-crentes e os crentes de outras religiões do mesmo modo.
    Bjs

    ResponderEliminar
  3. Selo e desafio no meu blogue.
    Beijo

    ResponderEliminar
  4. Fui criada na religião catolica,mas rapidamente passei de crente convicta a descrente total. Acredito que existiu um homem chamado Jesus, que deixou marcas na humanidade, só falta saber onde começa a verdade dos seus actos e onde acaba a fantasia gerada à sua volta, mas não o acho mais importante que um Gandhi ou um Mandela



    Beijoca

    ResponderEliminar
  5. Felina,
    Também não o acho mais importante do que o Gandhi ou o Mandela, apenas só o referi a ele por estarmos perto do Natal. Foi também por isso que me lembrei dele.
    Bjs

    ResponderEliminar
  6. Lost Lenore,
    Aceito, mas ainda vou pensar nos livros.
    Bjs

    ResponderEliminar
  7. Mammy,
    se há algo de que me posso gabar é com a virtude que habita em mim de respeitar as opções dos outros, seja sobre o que for. respeito de verdade.
    quanto à religião (e actualizo-me com interesse sobre todas elas) e ao meu comentário, existe em mim (como crente católico) o desânimo quanto ás teorias (católicas) mestradas pelas altas instâncias da Igreja, surgidas, nestes últimos tempos.
    vou assistindo ao desenrolar.

    bj...nho

    ResponderEliminar
  8. Eu acredito na existência real de vários homens "diferentes". Buda existiu antes de Jesus...
    Para mim o Natal é a celebração do nascimento de uma criança, qualquer criança...rodeada pelo amor familiar.
    A Bíblia começou a ser escrita muito depois de Cristo morrer e tem levantado muitas interrogações a quem se dedica aos estudos bíblicos.
    Acreditar ou não numa série de coisas que, pessoalmente, considero verdadeiros atentados à sanidade mental de cada um de nós, é privilégio individual.
    Abracinho meu!

    ResponderEliminar
  9. Sérgio Figueiredo,
    Eu não quis dizer que eras tu quem não respeitava a não-crença dos outros. Referia-me em abstracto, pois conheço muita gente que não respeita e já fui alvo de alguma discriminação por não acreditar em nenhum Deus.
    Bjs

    ResponderEliminar
  10. Maria Teresa,
    Gosto da sua interpretação do Natal, além de bonita é muito saudável.
    Bjs

    ResponderEliminar
  11. Mammy... calma.
    eu só estou (mas talvez mal escrito)com a minha postura de respeito pelos outros, a dar força à tua indignação por aqueles que não sabem aceitar (respeitar) as diferentes opções dos outros. assim como, a minha confusão quanto aos estatutos religiosos (católicos) tão discordantes, atualmente, entre as altas instâncias da igreja.

    Mammy, está desfeita essa confusão de que eu estaria a pensar que te referias a mim...??

    bj...nho

    ResponderEliminar
  12. Sérgio Figueiredo,
    Confusão desfeita!
    ;)
    Eu, às vezes, também não me explico bem, por isso fiquei com medo que me tivesses interpretado mal. :)
    Bjs

    ResponderEliminar
  13. Eu acredito em Deus e em Jesus, e em todo...
    Compreendo na perfeição a hipocrisia de que falas, são os homens...
    E até sorrio quando lhe chamas "marado" talvez ele hoje se chama-se assim hoje também, mas acredito acima de tudo num Amor incondicional para que tudo isto fosse feito, numa fé que move montanhas que lhe deu coragem para o sofrimento daquela morte, afim de que uns quantos que acreditam e sejam realmente melhores pessoas por acreditarem.
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  14. Mar,
    Era tão bom que todos os que acreditam fossem melhores pessoas...
    O problema é nem todos, essa fé melhorou...
    Bjs

    ResponderEliminar
  15. Pois é linda Mammy, mas sabes fico tão Feliz quando vejo pessoas (que até nem acreditam) terem acções que me lembram Jesus, como tu por exemplo a tua história do menino dos olhos tristes, a tua compaixão, a tua caridade, o teu carinho e vontade de queres pôr o menino mais Feliz :) pões-me Feliz e nesse momento és imagem de Jesus para mim :)
    Boa! Não sabias mas as vezes és parecida :)
    Beijinhos no coração

    ResponderEliminar
  16. Mar,
    Acho que exageras um pouco. Não sou assim tão maravilhosa, mas os elogios sabem sempre bem! :) Obrigada.
    Talvez seja parecida, mas mais na parte da "maradice"! :)
    Beijinhos

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Vá lá, digam qualquer coisinha...
...por mais tramada que seja...

Mensagens populares deste blogue

Vejam só o que encontrei!

Resumindo :  Licenciatura em marketing (um profissional certificado); Gosto pela área comercial (amor cego que se venda barato);  De preferência, recém-licenciado (cabeça fresquinha e sem manhas); Com vontade de aprender (que aceite, feliz, todas as "óptimas" condições de trabalho que lhe oferecem, porque os ensinamentos não têm preço); Disponibilidade imediata (já a sair de casa e a arregaçar as mangas);  Carta de condução (vai de carro e não seguro, como a Leonor descalça do Camões);  Oito horas de trabalho por dia e não por noite (muito tempo luminoso para aprender, sem necessidade de acender velas). Tudo isto, a troco de: Um contrato a termo incerto (um trabalho p'rá vida); 550€ / mês de salário negociável (uma fortuna que pode ser negociável, caso o candidato seja um ingrato); Refeições incluídas (é melhor comer bem durante as horas de serviço, porque vai passar muita fominha a partir daquela hora do dia em que tiver de

O engano

O meu homem, enquanto estende a roupa (sim, cá em casa a roupa é cena dele. Somos estranhos, eu sei!), ouve música. Aliás, ele ouve sempre música, mas hoje, enquanto estava a ouvir música e a estender a roupa e eu a arrumar a loiça do almoço (sim, apesar do moço tratar da roupa, eu também faço umas coisitas cá por casa. Sim, eu sei, parece que somos mesmo estranhíssimos!), pôs os Pink Floyd a tocar. Ao som dos Pink Floyd, comecei a pensar que hoje há pouca cultura que faça as pessoas pensarem como por exemplo os Pink Ployd faziam; que conteste os poderes; que ponha em causa as ditas verdades universais; que cause indignação e contestação. Vivemos na sociedade do engano. Julgamos que temos liberdade, quando somos nós mesmos que restringimos a liberdade, calando-nos. Já não defendemos causas, mandamos umas bocas e ficamo-nos por aí. Os poderes estão instituídos e aceitamo-los, pura e simplesmente, sem um ai realmente sentido. Encolhemos os ombros e distraímo-nos com outras coisas par

Apneia

 Sempre esta coisa da escrita... De há uns anos para cá tornou-se uma necessidade como respirar. Tenho estado em apneia, eu sei. Não só, mas também, porque veio a depressão. Veio, assim, de mansinho, como que para não se fazer notar, instalando-se cá dentro (e cá fora). Começou por me devorar as entranhas qual parasita. Minou-me o corpo e o cérebro, sorvendo-me os neurónios e comendo-me as ideias, a criatividade e a imaginação. Invadiu-me a mente e instalou pensamentos neuróticos, medos, temores, terrores até. Fiquei simultaneamente cheia e vazia. E a vontade de me evaporar preencheu-me por completo, não deixando espaço para mais nada. Não escrevia há meses. Sinto-lhe a falta todos os dias. Mas havia (há) um medo tão grande de começar e só sair merda. E, no entanto, cá estou eu a escrever de novo. Mesmo que merda, a caneta deslizou sobre o papel e, agora, os dedos saltam de tecla em tecla como se daqui nunca tivessem saído. O olhar segue os gatafunhos, o pensamento destrinça frases e e

A Língua do Michael Jordan

O ídolo (imagem retirada da Internet) Um dia destes, enquanto assistia a um treino do meu filho, reparo que ele está sempre de língua de fora... Ele não é daqueles miúdos que põem a língua de fora quando escrevem ou quando fazem qualquer coisa que lhes exija um pouco mais de concentração, por isso estranhei! No intervalo que o treinador lhes dá para irem beber água, ele chega-se ao pé de mim e diz: -Viste, mãe, estive de língua de fora como o Michael Jordan? (Para quem não conhece, o Michael Jordan, o mocinho aqui ao lado, foi um dos melhores jogadores de basquetebol do mundo e uma das suas características era jogar com a língua de fora.) O meu filho estava todo orgulhoso a imitar o Michael Jordan, sentia-se o melhor jogador do mundo à custa da sua linguinha ao vento, mas eu (estúpida!) estraguei a sua alegria, com esta minha triste saída: -Pois, mas se não pões a língua para dentro ainda a mordes se te derem um encontrão, além de pareceres um tontinho... Arrependi-me da parte do