Avançar para o conteúdo principal

Galã

Imagem retirada DAQUI

É um tipo de homem que me enerva! Talvez porque em tempos tive uma estranha paixão por um espécime destes (nesse tempo, eu era uma jovenzinha ingénua, a cair para o parvo!) e criei-lhes imunidades (thank you, God!), talvez porque me irritam solenemente frases feitas repetidas inúmeras vezes e sem qualquer significado, talvez porque simplesmente me enervam...

Tenho um colega de trabalho que insiste em vir falar-me com dois beijinhos melados. Coisa que detesto! Se já não sou grande apreciadora dos dois beijinhos sociais, com que as pessoas se cumprimentam, e tento escapar-lhes quando possível, agora estes, melados e em pretenso acto de cortejar, deixam-me possessa!
Quando vejo o galã ao longe, só me apetece esconder-me debaixo da mesa para que não me venha melar. Ainda por cima, olha para mim com um olhar tão meloso quanto os beijos, tenta dizer frases que criem sensação e depois fica  à espera para ver qual a reacção que causou a parvoíce que lhe saiu disparada da boca. Blhac!!!

No outro dia, passou por mim de carro, eu ia a pé, e perguntou se eu queria boleia. Como eu tinha os phones nos ouvidos, fingi que não o ouvi, nem vi, e continuei o meu caminho. Quando cheguei ao trabalho, disse-me:
-Esta menina não liga a piropos! Perguntei-lhe se queria boleia e nem me respondeu...
Respondi:
-Não o vi nem ouvi, quando ando na rua levo sempre os phones nos ouvidos, mesmo para não ouvir nada dessas coisas.
Acho que não percebeu a mensagem, pois continuou com conversas de chacha e com aquele olhar tão característico dos galãs que tanto me irrita... e continua a vir falar-me com os seus beijinhos melados...

Sinceramente, não tenho paciência nenhuma para cenas de engate. Acho-as tão estúpidas! 
Às vezes, nos bares, apercebo-me de situações, em que os gajos dizem tanta parvoíce junta, de uma maneira tão parva e com que as gajas se derretem e lhes respondem com mais parvoíces, que até fico enjoada.
Chamem-me esquisitinha à vontade, mas acho estúpido duas pessoas dizerem-se merdices, que fingem ser algo altamente profundas só para se meterem juntas numa cama, nos minutos mais próximos. 
Se se querem meter numa cama, metam-se, não precisam de conversas parvas para isso... Se querem conversar, digam alguma coisa de jeito! Esse ronhonhó da treta parece-me desnecessário! Até porque há ronhonhós porreiros, onde as conversas são interessantes e onde se conseguem debater e trocar ideias com conteúdo...
Porque escolhem sempre conversas sem nexo e desenxabidas? Porque optam sempre por se mostrarem pessoas ocas e sem interesse? Isso torna-as sexualmente mais atraentes? Ou pensam que lá por uma gaja dar atenção a conversas parvas, a estão a enganar?
Se vai em conversas parvas, ou é porque está na mesma onda parva, ou é porque também é parva, ou é por ambas as razões... Raramente, a estão a enganar!
Será que as pessoas parvas são capazes de maiores acrobacias sexuais?
Ou será porque como os galãs morrem de medo de gostar de alguém, escolhem a mais totó que houver para não correrem esse risco? Ou tentam fazer as gajas de totós para se sentirem alguma coisa de especial? E as gajas, que não são totós, será que acham que só têm hipóteses de ir para a cama com gajos com pinta de galãs? Ou sentem-se verdadeiramente atraídas pela conversa da treta dos pintarolas?
Na realidade, não consigo entender...

Comentários

  1. LOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOL Lindo!
    Adorei este post. Adorei ainda mais porque finalmente sei que não sou a única a não achar piada ao cumprimento dos 2 beijos. Acho que um sorriso é muito melhor, mas enfim.
    Ah e quando andava a moda do Eh carapau! Horrível.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Vá lá, digam qualquer coisinha...
...por mais tramada que seja...

Mensagens populares deste blogue

Vejam só o que encontrei!

Resumindo :  Licenciatura em marketing (um profissional certificado); Gosto pela área comercial (amor cego que se venda barato);  De preferência, recém-licenciado (cabeça fresquinha e sem manhas); Com vontade de aprender (que aceite, feliz, todas as "óptimas" condições de trabalho que lhe oferecem, porque os ensinamentos não têm preço); Disponibilidade imediata (já a sair de casa e a arregaçar as mangas);  Carta de condução (vai de carro e não seguro, como a Leonor descalça do Camões);  Oito horas de trabalho por dia e não por noite (muito tempo luminoso para aprender, sem necessidade de acender velas). Tudo isto, a troco de: Um contrato a termo incerto (um trabalho p'rá vida); 550€ / mês de salário negociável (uma fortuna que pode ser negociável, caso o candidato seja um ingrato); Refeições incluídas (é melhor comer bem durante as horas de serviço, porque vai passar muita fominha a partir daquela hora do dia em que tiver de

O engano

O meu homem, enquanto estende a roupa (sim, cá em casa a roupa é cena dele. Somos estranhos, eu sei!), ouve música. Aliás, ele ouve sempre música, mas hoje, enquanto estava a ouvir música e a estender a roupa e eu a arrumar a loiça do almoço (sim, apesar do moço tratar da roupa, eu também faço umas coisitas cá por casa. Sim, eu sei, parece que somos mesmo estranhíssimos!), pôs os Pink Floyd a tocar. Ao som dos Pink Floyd, comecei a pensar que hoje há pouca cultura que faça as pessoas pensarem como por exemplo os Pink Ployd faziam; que conteste os poderes; que ponha em causa as ditas verdades universais; que cause indignação e contestação. Vivemos na sociedade do engano. Julgamos que temos liberdade, quando somos nós mesmos que restringimos a liberdade, calando-nos. Já não defendemos causas, mandamos umas bocas e ficamo-nos por aí. Os poderes estão instituídos e aceitamo-los, pura e simplesmente, sem um ai realmente sentido. Encolhemos os ombros e distraímo-nos com outras coisas par

Apneia

 Sempre esta coisa da escrita... De há uns anos para cá tornou-se uma necessidade como respirar. Tenho estado em apneia, eu sei. Não só, mas também, porque veio a depressão. Veio, assim, de mansinho, como que para não se fazer notar, instalando-se cá dentro (e cá fora). Começou por me devorar as entranhas qual parasita. Minou-me o corpo e o cérebro, sorvendo-me os neurónios e comendo-me as ideias, a criatividade e a imaginação. Invadiu-me a mente e instalou pensamentos neuróticos, medos, temores, terrores até. Fiquei simultaneamente cheia e vazia. E a vontade de me evaporar preencheu-me por completo, não deixando espaço para mais nada. Não escrevia há meses. Sinto-lhe a falta todos os dias. Mas havia (há) um medo tão grande de começar e só sair merda. E, no entanto, cá estou eu a escrever de novo. Mesmo que merda, a caneta deslizou sobre o papel e, agora, os dedos saltam de tecla em tecla como se daqui nunca tivessem saído. O olhar segue os gatafunhos, o pensamento destrinça frases e e

Dos blogues

DAQUI Comecei isto dos blogues faz tempo. Mais precisamente em 2011. Faz tanto tempo que este menino aqui já completou cinco anos em Agosto. Há cinco anos e picos que venho para aqui arrotar as minhas postas de pescada. Primeiro, em núpcias das delícias da maternidade; depois confrontada com o fim das núpcias; hoje, com a consciência de que a maternidade se expande por tudo o que é lado da vida da gente. Nunca, mas mesmo nunca, tentei tornar este blogue num lugar cuchi-cuchi, fofinho e queridinho. Este lugar não é de todo fofinho. Não há por aqui adoçantes da vida, nem marcas a embelezar o que se passa por dentro e por fora da minha experiência enquanto mãe, ou enquanto pessoa, ou até mesmo a comandar o que escrevo. Não me deixo limitar por "politicamente correctos" ou estereótipos que atentem contra a minha liberdade na escrita. Escrevo o que me dá na real gana, quando me dá na real gana. Em tempos, cheguei a ter por aqui uma publicidade, mas nada que me prendesse

Tenho uma tatuagem no meio do peito

Ontem, no elevador, olhei ao espelho o meu peito que espreitava pelo decote em bico da camisola, e vi-a. "Tenho uma tatuagem no meio do peito", pensei. Geralmente, não a vejo. Faz parte de mim, há dez anos, aquele pontinho meio azulado. Já quase invisível aos meus olhos, pelo contrário, ontem, olhei-a com atenção, porque o tempo já me separa do dia em que ma fizeram e me deixa olhá-la sem ressentimentos. À tatuagem como à cicatriz que trago no pescoço. A cicatriz foi para tirar o gânglio que confirmou o linfoma. Lembro-me do médico me dizer "vamos fazer uma cicatriz bonitinha. Ainda é nova e vamos conseguir escondê-la na dobra do pescoço. Vai ver que quase não se vai notar". Naquela altura pouco me importava se se ia notar. Entreguei o meu corpo aos médicos como o entrego ao meu homem quando fazemos amor. "Façam o que quiserem desde que me mantenham viva", pensava. "Cortem e cosam à vontade! Que interessa a estética de um corpo se ele está a morrer