Este post vem a propósito daquele ali em baixo...
Numa das minhas noites de insónias (sofro de insónias amiúde, provavelmente estou a tornar-me noctívaga) vi um programa na televisão sobre a anti-spanking law da Suécia.
Pelo que percebi, na Suécia não se pode bater nas crianças e é-se preso por causa disso. O spanking deles, vai desde a ameaça até ao enxerto de porrada. Lá, cultiva-se o diálogo com os pequenos para lhes dar a volta e os controlar.
Não sou a favor de se bater em crianças, mas penso que uma palmada no rabo quando as coisas estão para lá dos limites razoáveis da birra, também não lhes faz mal nenhum. Pode servir para "abrirem a pestana".
Aqui por casa, já desistimos há uns anos de usar a palmada, não porque sejamos completamente contra ela, mas porque não resulta. Desde que verificámos que a cada palmada que dávamos na mão do J., quando ele mexia onde não devia, era motivo maior para que a mão voltasse ao sítio onde não a queríamos, desistimos delas.
No entanto, sei que há crianças com quem as palmadas resultam. Basta o barulho que a mão faz ao embater na fralda, para que se ponham em sentido.
Na Suécia nada disso é possível. Qualquer pessoa que assista a pais a baterem nos filhos, ou a ameaçá-los, pode fazer queixa à polícia.
No dito documentário, entrevistaram um casal que estava em prisão domiciliária e a quem tinham retirado a custódia dos filhos, porque um dos filhos pediu, no infantário, à educadora para não dizer aos pais que ele tinha feito asneira senão eles batiam-lhe. Apareceu também um casal que quando saía à rua, rezava para que os filhos se portassem bem, pois estes eram super endiabrados.
Fizeram entrevistas a quem defendia e a quem era contra a lei.
Os a favor da anti-spanking law defendiam, com unhas e dentes, os direitos das crianças e a sua integridade física e psicológica. Até aí, estou completamente de acordo. Mas chegou uma altura em que comecei a comparar aquela gente aos seguidores das seitas religiosas. Fundamentalistas demais para o meu gosto. Eu, que tinha a sociedade sueca nos píncaros da consideração, que a achava desenvolvida e o mais justa possível, fiquei meio desiludida.
Acreditam que, por existir uma linha telefónica para onde as crianças podem ligar se forem vítimas de maus-tratos (e os maus-tratos deles começam numa simples ameaça ou num agarrar de braço mais decidido), os miúdos fazem chantagem com os pais, para lhes darem isto ou aquilo, ou eles telefonam para lá a dizer mentiras? E que a maneira que os pais encontram para controlar os filhos é através de chantagem, tipo "se não te portas bem, não vês televisão ou não jogas playstation"?
Na minha singela opinião, estes métodos não são muito melhores do que a palmada.
Se é verdade, que há miúdos com quem podemos dialogar e explicar por A mais B, que não podem fazer certas coisas, também é verdade que há outros que são tão tortos e indisciplinados que só vão lá se mostrarmos que nós é que sabemos o que é melhor para eles. E há miúdos com quem a palmada resulta bem. Não estou a falar em espancamentos ou coisa parecida, estou a falar em "abre olhos". Para mim, é muito pior o despeito e agressividade, de que falei ali em baixo, do que uma palmada de amor. Não se riam, porque há palmadas de amor, elas são as assertivas, dadas no momento certo e que não têm como finalidade magoar, mas chamar a atenção da criança.
A chantagem psicológica dos suecos parece-me muito pior do que a palmada de amor. Soa-me a uma manipulação sem qualquer poder educativo. Não explica às crianças o bem e o mal das suas acções, apenas lhes dá, ou não, uma recompensa pelo bom comportamento, tornando-as bem comportadas por interesse e não por convicção. Pelo contrário, a palmada de amor serve para preparar as crianças para o diálogo. Também não lhes dá uma explicação, é certo, mas abre caminho para o diálogo, pois tem o efeito de um "clic" no cérebro delas para que estejam atentas ao que vem a seguir, a tão desejada explicação.
Resumindo, não é por eu não usar a palmada ou por ela não resultar com o meu filho, que não concebo que ela possa resultar noutros casos, ou que o caminho seja a sua proibição para acabar com a violência de pais para filhos. Penso que o desprezo, o desinteresse e a consequente agressividade, aliada ao despeito, são os principais responsáveis por este tipo de violência.
Não sou a favor de se bater em crianças, mas penso que uma palmada no rabo quando as coisas estão para lá dos limites razoáveis da birra, também não lhes faz mal nenhum. Pode servir para "abrirem a pestana".
Aqui por casa, já desistimos há uns anos de usar a palmada, não porque sejamos completamente contra ela, mas porque não resulta. Desde que verificámos que a cada palmada que dávamos na mão do J., quando ele mexia onde não devia, era motivo maior para que a mão voltasse ao sítio onde não a queríamos, desistimos delas.
No entanto, sei que há crianças com quem as palmadas resultam. Basta o barulho que a mão faz ao embater na fralda, para que se ponham em sentido.
Na Suécia nada disso é possível. Qualquer pessoa que assista a pais a baterem nos filhos, ou a ameaçá-los, pode fazer queixa à polícia.
No dito documentário, entrevistaram um casal que estava em prisão domiciliária e a quem tinham retirado a custódia dos filhos, porque um dos filhos pediu, no infantário, à educadora para não dizer aos pais que ele tinha feito asneira senão eles batiam-lhe. Apareceu também um casal que quando saía à rua, rezava para que os filhos se portassem bem, pois estes eram super endiabrados.
Fizeram entrevistas a quem defendia e a quem era contra a lei.
Os a favor da anti-spanking law defendiam, com unhas e dentes, os direitos das crianças e a sua integridade física e psicológica. Até aí, estou completamente de acordo. Mas chegou uma altura em que comecei a comparar aquela gente aos seguidores das seitas religiosas. Fundamentalistas demais para o meu gosto. Eu, que tinha a sociedade sueca nos píncaros da consideração, que a achava desenvolvida e o mais justa possível, fiquei meio desiludida.
Acreditam que, por existir uma linha telefónica para onde as crianças podem ligar se forem vítimas de maus-tratos (e os maus-tratos deles começam numa simples ameaça ou num agarrar de braço mais decidido), os miúdos fazem chantagem com os pais, para lhes darem isto ou aquilo, ou eles telefonam para lá a dizer mentiras? E que a maneira que os pais encontram para controlar os filhos é através de chantagem, tipo "se não te portas bem, não vês televisão ou não jogas playstation"?
Na minha singela opinião, estes métodos não são muito melhores do que a palmada.
Se é verdade, que há miúdos com quem podemos dialogar e explicar por A mais B, que não podem fazer certas coisas, também é verdade que há outros que são tão tortos e indisciplinados que só vão lá se mostrarmos que nós é que sabemos o que é melhor para eles. E há miúdos com quem a palmada resulta bem. Não estou a falar em espancamentos ou coisa parecida, estou a falar em "abre olhos". Para mim, é muito pior o despeito e agressividade, de que falei ali em baixo, do que uma palmada de amor. Não se riam, porque há palmadas de amor, elas são as assertivas, dadas no momento certo e que não têm como finalidade magoar, mas chamar a atenção da criança.
A chantagem psicológica dos suecos parece-me muito pior do que a palmada de amor. Soa-me a uma manipulação sem qualquer poder educativo. Não explica às crianças o bem e o mal das suas acções, apenas lhes dá, ou não, uma recompensa pelo bom comportamento, tornando-as bem comportadas por interesse e não por convicção. Pelo contrário, a palmada de amor serve para preparar as crianças para o diálogo. Também não lhes dá uma explicação, é certo, mas abre caminho para o diálogo, pois tem o efeito de um "clic" no cérebro delas para que estejam atentas ao que vem a seguir, a tão desejada explicação.
Resumindo, não é por eu não usar a palmada ou por ela não resultar com o meu filho, que não concebo que ela possa resultar noutros casos, ou que o caminho seja a sua proibição para acabar com a violência de pais para filhos. Penso que o desprezo, o desinteresse e a consequente agressividade, aliada ao despeito, são os principais responsáveis por este tipo de violência.
Na inglaterra tb é assim nem pais nem docentes nem ninguém , sei de casos de filhos que acusaram os pais de maus tratos e forma penalizados . e vês o que por lá se passa? a loucura que é a adolescência?
ResponderEliminarjovens grávidas aos 13 anos jovens embriagadas jovens a viverem sozinhas por conta do governo, pois que os pais foram acusados de baterem?
kis .=(
Eu acho estranho é vocês não saberem que essa lei existe em Portugal.
ResponderEliminarPois não sabia mesmo...
ResponderEliminarE existe em que moldes, Jaime?
nestes:
ResponderEliminarArtigo 152.o -A
Maus tratos
1 — Quem, tendo ao seu cuidado, à sua guarda, sob a responsabilidade da sua direcção ou educação ou a trabalhar ao seu serviço, pessoa menor ou particularmente indefesa, em razão de idade, deficiência, doença ou gravidez, e: a) Lhe infligir, de modo reiterado ou não, maus tratos físicos ou psíquicos, incluindo castigos corporais, privações da liberdade e ofensas sexuais, ou a tratar cruelmente;
b) A empregar em actividades perigosas, desumanas ou proibidas; ou c) A sobrecarregar com trabalhos excessivos; é punido com pena de prisão de um a cinco anos, se pena mais grave lhe não couber por força de outra disposição legal. 2 — Se dos factos previstos nos números anteriores resultar: a) Ofensa à integridade física grave, o agente é punido com pena de prisão de dois a oito anos; b) A morte, o agente é punido com pena de prisão de três a dez anos.
nestes:
ResponderEliminarArtigo 152.o -A
Maus tratos
1 — Quem, tendo ao seu cuidado, à sua guarda, sob a responsabilidade da sua direcção ou educação ou a trabalhar ao seu serviço, pessoa menor ou particularmente indefesa, em razão de idade, deficiência, doença ou gravidez, e: a) Lhe infligir, de modo reiterado ou não, maus tratos físicos ou psíquicos, incluindo castigos corporais, privações da liberdade e ofensas sexuais, ou a tratar cruelmente;
b) A empregar em actividades perigosas, desumanas ou proibidas; ou c) A sobrecarregar com trabalhos excessivos; é punido com pena de prisão de um a cinco anos, se pena mais grave lhe não couber por força de outra disposição legal. 2 — Se dos factos previstos nos números anteriores resultar: a) Ofensa à integridade física grave, o agente é punido com pena de prisão de dois a oito anos; b) A morte, o agente é punido com pena de prisão de três a dez anos.
Jaime,
ResponderEliminarEu não considero uma palmada "maus tratos físicos ou psíquicos, incluindo castigos corporais, privações da liberdade e ofensas sexuais, ou a tratar cruelmente" pelo menos a qual de que falei aqui e a que defendo a existência.
Estou a falar das "assertivas, dadas no momento certo e que não têm como finalidade magoar, mas chamar a atenção da criança" e sublinho o "que não têm como finalidade magoar".
Por isso, penso que a "minha" palmada não se enquadra nessa lei.
Bjs
Sim, Mammy e se alguém presenciar a palmada assertiva e achar que és uma abusadora pode perfeitamente chamar as autoridades e apresentar queixa da mesma forma...
ResponderEliminarEu partilho da tua opinião, foi assim que fui ensinada. Apanhei umas quantas palmadas... e não sou nenhuma desequilibrada emocial ou fisicamente. Não fiquei traumatizada nem coisa parecida. Simplesmente aprendi a comportar-me e a ser bem educada, porque sei porque as apanhei.
A minha mãe dizia que uma palmada dada na hora certa servia de muito mais do que castigos de outra natureza... e comigo serviu sim senhora!
O meu filho também já apanhou umas quantas palmadas, quando a birra já passou da marca do aceitável...
Acho que isso do anti-spanking é um extremismo, que é diametralmente oposto á sova de meia noite... Tudo o que seja exagero, acaba por ter efeitos perniciosos a médio e curto prazo. Sinceramente acho que só serve para dar poder às crianças num momento em que o poder delas deve ser limitado aos limites do razoável. Se calhar na Suécia, poderão estar a braços com um fenómeno já descrito num livro de um autor espanhol - Javier Urra, chamado "O Pequeno Ditador", onde inclusivamente se fala de filhos de 7/8 anos a agredirem fisicamente os pais, porque não lhe deram a playstation ou uma wii...
Naná,
ResponderEliminarIsso de poderem achar que sou abusadora, também podia acontecer quando eu ralhava com maior veemência com o J. ou quando me negava a comprar-lhe um brinquedo e ele fazia uma enorme birra no meio da rua e as pessoas vinham com aquele ar de boazinhas dizer "coitadinha da criança!". Essas pessoas sempre me irritaram solenemente. (Se calhar, essa até foi uma das razões porque não intervim no caso que relato ali em baixo.)
Eu acho que a tua mãe tinha razão, até porque, por vezes, as crianças não precisam de nenhum castigo, mas apenas de uma chamada de atenção e a palmada pode ser bem mais útil nesses casos.
É claro que condeno os maus-tratos de que fala o Jaime e a violência em geral, especialmente contra crianças, que,às vezes não é transmitida só através da força física, mas da psicológica.
Acho que não se pode ser "nem tanto ao mar, nem tanto à terra". Há que saber equilibrar as coisas.
Bjs
eu tb apanhei muitas e não sou traumatizada nem nada do genero. a minha filha está prestes a fazer um aninho e tenho a certeza que uma palmadinha aqui e ali é capaz de chover... é por falta delas que há muito boa gente a não conseguir dar conta dos filhos hoje em dia...
ResponderEliminarMagda E,
ResponderEliminarEu só acho que as palmadas devem ser usadas se resultarem e se for como chamada de atenção e estímulo físico para a concentração no que lhes vamos dizer a seguir.
No caso do meu filho, nunca resultaram e a nossa sorte tem sido ele ter a capacidade de entender a causa/efeito da suas acções.
Por exemplo, se se demora muito a fazer os trabalhos de casa, deixa de ter tempo para brincar. O efeito do tempo que demora acaba por servir-lhe de "castigo". Acabamos por não precisar de chantagens ou de palmadas para ele tomar a atitude correcta.
Mas nem tudo são rosas e, às vezes, temos que nos chatear com ele e até usar um ou outro castigo para ele entender melhor.
Bjs
Quando era pequena tinha um amigo que batia no pai, tinha 6 ou 7 anos. O pai sempre tentava falar com ele para o castigar e ele para se vingar do pai batia-lhe e olha que não era coisa leve!
ResponderEliminarAcho que há um meio termo para tudo. Primeiro tentas a falar se não der uma palmadinha não faz mal nenhum!
Oxygen,
ResponderEliminarAcho que é ao contrário:
Primeiro dá-se a palmada, para depois se conseguir falar! ;)
Mas como disse, com o meu filho a palmada não resulta. A sorte é que ele, apesar de pequeno, já tem algum bom-senso e a conversa (por vezes, ralhete) acaba por chegar.
Bjs
Essa história de haver filhos que batem nos pais, por mais que nos possa parecer estranha, não é assim tão pouco comum.
ResponderEliminarAcredito que na Suécia devem haver alguns casos desses...
Gostava de saber se nesses casos os filhos também vão presos??
Bjs