Hoje fui assediada de uma forma um tanto ou quanto... original.
Numa exposição, um senhor de uns oitenta e poucos anos encostou o ombro ao meu como que para ver o mesmo artigo exposto que eu estava a ver. Como uma pessoa mais ou menos bem-educada, afastei-me para lhe dar espaço, pensado que era isso que pedia com o encosto.
O senhor volta a aproximar-se e diz:
-Minha senhora, dá-me um beijinho?
Olho para ele espantada e respondo:
- Não!
- Porquê? - pergunta, estranhando a minha nega.
- Porque não nos conhecemos.
- Mas a senhora tem uma cara tão bonita... Dê-me lá um beijinho!
Afasto-me com medo que, num saltinho (porque sou para o alta e ele era para o baixo), me espete um beijo, apanhando-me desprevenida. Finjo que vou ver outra peça da exposição para me afastar um pouco mais. O senhor vem atrás de mim e, como me sinto perseguida, olho para "maman" que está de costas e completamente alheio ao assédio de que estou a ser vítima, na esperança que, caso a coisa dê para o torto, me possa vir dar uma ajudinha a convencer o senhor que só dou beijos a desconhecidos em situações muito especiais.
- Dê-me lá um beijinho - diz de novo o "jovem" senhor.
- Não, deixe lá isso - respondo, enquanto fujo para outra peça que está a precisar urgentemente de ser observada por mim.
O senhor vai-se embora da mesma forma repentina com que apareceu.
Ufa! Respiro de alívio por não ser uma estrela de Hollywood e por viver nesta doce e terna Tugalândia.