Em pé, agarrada à pega do tecto, vou passando o olhar por quem habita o metropolitano. Por escassos minutos aquela é a nossa casa. Somos perfeitos desconhecidos que se encontram por momentos. Muitos de nós nunca mais nos iremos voltar a ver. São minutos preciosos em que pousamos os olhos uns nos outros e conhecemos estranhos, sem nunca os conhecermos realmente.
Há quem não tire os olhos do telemóvel; quem não tire os olhos das paragens que vão passando do outro lado da janela; quem olhe o tecto ou o infinito. Eu olho-os a todos, tento ler-lhes nas expressões o que lhes vai na alma. Quero saber em quem pensam, como lhes correu o dia, de onde vêm e para onde vão. Tento adivinhar-lhes as paragens de destino pela forma de vestir, pelo comportamento, pela inquietação.
Conto os dos telemóveis e são a maioria. Conto os das malas e há muitos. O aeroporto será o destino dos das malas certamente... Para onde irão viajar? Tento agora adivinhar-lhes a nacionalidade. Preciso de uma palavra para confirmar a minha hipótese. Apuro o ouvido mas não os oiço, porque viajam em silêncio.
O silêncio irrita-me e passo a contar os que viajam de óculos escuros na cara. São três. Por que estarão de óculos escuros se viajamos por debaixo da terra e não há sol que lhes fira os olhos?
Talvez esteja na moda, talvez queiram olhar sem que se perceba para onde, talvez se tenham esquecido de os tirar da cara ou tenham preguiça de o fazer só pelos breves instantes da viagem...
Chega a minha paragem e tenho que os abandonar. Saio e perco-os de vista para sempre, como se tivesse fugido de casa e deixado tudo para trás. Largo as histórias que imaginei e embarco numa nova viagem. Sigo para outras vidas que me aparecerão pelo caminho, para outras histórias que inventarei, para outra gente que nunca mais voltarei a encontrar. Sigo confiante de que um dia os terei a todos guardados em folhas papel.
Um dia serão todos meus, desenhados pelas minhas palavras, com os sonhos, os desejos e as angústias que implantarei nas suas vidas.
Um dia serão todos meus, só meus, e não haverá paragem que mos tire.
Há quem não tire os olhos do telemóvel; quem não tire os olhos das paragens que vão passando do outro lado da janela; quem olhe o tecto ou o infinito. Eu olho-os a todos, tento ler-lhes nas expressões o que lhes vai na alma. Quero saber em quem pensam, como lhes correu o dia, de onde vêm e para onde vão. Tento adivinhar-lhes as paragens de destino pela forma de vestir, pelo comportamento, pela inquietação.
Conto os dos telemóveis e são a maioria. Conto os das malas e há muitos. O aeroporto será o destino dos das malas certamente... Para onde irão viajar? Tento agora adivinhar-lhes a nacionalidade. Preciso de uma palavra para confirmar a minha hipótese. Apuro o ouvido mas não os oiço, porque viajam em silêncio.
O silêncio irrita-me e passo a contar os que viajam de óculos escuros na cara. São três. Por que estarão de óculos escuros se viajamos por debaixo da terra e não há sol que lhes fira os olhos?
Talvez esteja na moda, talvez queiram olhar sem que se perceba para onde, talvez se tenham esquecido de os tirar da cara ou tenham preguiça de o fazer só pelos breves instantes da viagem...
Chega a minha paragem e tenho que os abandonar. Saio e perco-os de vista para sempre, como se tivesse fugido de casa e deixado tudo para trás. Largo as histórias que imaginei e embarco numa nova viagem. Sigo para outras vidas que me aparecerão pelo caminho, para outras histórias que inventarei, para outra gente que nunca mais voltarei a encontrar. Sigo confiante de que um dia os terei a todos guardados em folhas papel.
Um dia serão todos meus, desenhados pelas minhas palavras, com os sonhos, os desejos e as angústias que implantarei nas suas vidas.
Um dia serão todos meus, só meus, e não haverá paragem que mos tire.
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Vá lá, digam qualquer coisinha...
...por mais tramada que seja...