Do trabalho ligado às redes sociais, da análise de comportamentos e tendências, do meu lugar recôndito na plateia a que assisto às interpretações de um imenso leque de actores, tenho constatado que todos ganhámos um novo palco. Pequeno, é certo, mas suficiente para que encarnemos personagens diárias e fiquemos à espera dos aplausos. No palco da vida somos mais espontâneos, exigentes, verdadeiros. No palco das redes sociais somos actores, plateia e os nossos próprios lobbies. Vivemos à espera da notificação que nos aplaude e gostamos do que é nosso ou a nós diz respeito. Dos presos políticos em Angola e sua libertação, pouco queremos saber. Dos mortos no Bangladesh, dos atentados em Istambul, pouco nos importamos. É lá longe e não nos diz, directamente, respeito. Todos os dias morre gente por aí. Mas se o gatinho do vizinho partiu desta para melhor, atiramos-lhe um "RIP" sentido e choroso. O gatinho como as vítimas do terrorismo em França. Estes, sim, dizem-nos respeito