Hoje, estou num impasse. Apetece-me tremendamente escrever, mas não há nada que me saia, assim, fluído. Preciso arrancar as palavras que me estão enterradas na dor. Na dor da alma. Dói-me a confiança, as convicções, as certezas, a direcção para onde levar a vida e até a mim própria. Dói-me tudo como se fosse uma parte do meu corpo, assim como a quem dói a cabeça ou os dentes. E não há paracetamol que me valha, porque a dor está na definição e não na sua simples existência. Tomar um comprimido para aclamar o sofrimento não basta, porque o sofrimento existe na ambiguidade, e essa é imensamente lata e difícil de limitar. É preciso definir e pensar. É preciso pensar muito e o pensamento só ajuda a corroer a indefinição. Por isso as palavras não sabem quais me devem sair. Ficam entaladas entre a dúvida e a incerteza e daí não saem, nem com um grande copo de água garganta abaixo. Acho que hoje não vou escrever. Pronto!
Aqui, fala-se de filhos e de tudo o resto...