Avançar para o conteúdo principal

"A Arte Vem de Dentro"

O amor é, assim, uma coisa meio estranha de se explicar... Esconde-se-nos nas entranhas e vem à superfície em momentos de que não estamos à espera. Às vezes, um gesto, uma palavra, um olhar, um cheiro, dizem tudo. Às vezes, um gesto, uma palavra, um olhar, um cheiro, não dizem nada. Ou dizem que nada se passa ali. Às vezes, basta uma coisinha minúscula para nos apercebermos que o amor se foi. Ou uma coisinha minúscula para nos lembrar que ele sempre esteve ali.

Às vezes, olho para este homem e sinto o coração encher. Como se o insuflassem com uma bomba de encher pneus, o coração cresce, cresce, cresce. 
Acontece-me especialmente quando o cheiro, mas também quando o oiço dizer coisas tão certas que me fazem estremecer. Este homem enche-me o coração de amor e o corpo todo de orgulho, quando se sintoniza no mesmo posto que eu. E não são raras as vezes que isso acontece. 
Ao fim de tantos anos juntos, seria de esperar uma repetição contínua de momentos. A verdade é que as há, claro que há. Mas também há momentos mágicos, em que aquela pessoa que está ali à nossa frente, e que conhecemos tão bem, nos surpreende, nos fascina e nos toca no ponto G da alma. 

Há já algum tempo que temos por hábito discutir algumas questões filosóficas... Uma das mais recorrentes é "o que é a arte".
Por sermos ambos ávidos por arte, frequentamos alguns meios artísticos com prazer e, infelizmente, temo-nos deparado com ambientes artísticos demasiado elitistas e círculos completamente fechados ao público em geral. De tal modo fechados que quase só lá entram o autor e convidados. Estes locais têm-nos deixado perplexos e francamente decepcionados com o modo de como a arte é tratada neste país.

E aí "vem-nos à memória uma frase batida": o que é a arte afinal?

Será algo super elaborado que tem de ser explicado para o comum dos mortais entender? Ou será aquilo que nos chega e nos toca, que nos diz qualquer coisa, boa ou má, mas que mexe connosco?
No meio desta nossa habitual discussão, este homem diz "a arte vem de dentro!" 
E diz tudo. A arte vem de dentro de quem a cria e de quem a contempla. É assim, meio como o amor... 
A arte não se explica. Vem de dentro!

Comentários

  1. E tem toda a razão. O problema é que há certos pseudo-intelectuais que acham que a arte é só para alguns privilegiados e que o "resto" é um bando de ignorantes...
    Enfim...
    :)

    ResponderEliminar
  2. P.A. Santos,
    São esses mesmos pseudos que me irritam.
    Grrrrr!

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Vá lá, digam qualquer coisinha...
...por mais tramada que seja...

Mensagens populares deste blogue

Vejam só o que encontrei!

Resumindo :  Licenciatura em marketing (um profissional certificado); Gosto pela área comercial (amor cego que se venda barato);  De preferência, recém-licenciado (cabeça fresquinha e sem manhas); Com vontade de aprender (que aceite, feliz, todas as "óptimas" condições de trabalho que lhe oferecem, porque os ensinamentos não têm preço); Disponibilidade imediata (já a sair de casa e a arregaçar as mangas);  Carta de condução (vai de carro e não seguro, como a Leonor descalça do Camões);  Oito horas de trabalho por dia e não por noite (muito tempo luminoso para aprender, sem necessidade de acender velas). Tudo isto, a troco de: Um contrato a termo incerto (um trabalho p'rá vida); 550€ / mês de salário negociável (uma fortuna que pode ser negociável, caso o candidato seja um ingrato); Refeições incluídas (é melhor comer bem durante as horas de serviço, porque vai passar muita fominha a partir daquela hora do dia em que tiver de

O engano

O meu homem, enquanto estende a roupa (sim, cá em casa a roupa é cena dele. Somos estranhos, eu sei!), ouve música. Aliás, ele ouve sempre música, mas hoje, enquanto estava a ouvir música e a estender a roupa e eu a arrumar a loiça do almoço (sim, apesar do moço tratar da roupa, eu também faço umas coisitas cá por casa. Sim, eu sei, parece que somos mesmo estranhíssimos!), pôs os Pink Floyd a tocar. Ao som dos Pink Floyd, comecei a pensar que hoje há pouca cultura que faça as pessoas pensarem como por exemplo os Pink Ployd faziam; que conteste os poderes; que ponha em causa as ditas verdades universais; que cause indignação e contestação. Vivemos na sociedade do engano. Julgamos que temos liberdade, quando somos nós mesmos que restringimos a liberdade, calando-nos. Já não defendemos causas, mandamos umas bocas e ficamo-nos por aí. Os poderes estão instituídos e aceitamo-los, pura e simplesmente, sem um ai realmente sentido. Encolhemos os ombros e distraímo-nos com outras coisas par

Apneia

 Sempre esta coisa da escrita... De há uns anos para cá tornou-se uma necessidade como respirar. Tenho estado em apneia, eu sei. Não só, mas também, porque veio a depressão. Veio, assim, de mansinho, como que para não se fazer notar, instalando-se cá dentro (e cá fora). Começou por me devorar as entranhas qual parasita. Minou-me o corpo e o cérebro, sorvendo-me os neurónios e comendo-me as ideias, a criatividade e a imaginação. Invadiu-me a mente e instalou pensamentos neuróticos, medos, temores, terrores até. Fiquei simultaneamente cheia e vazia. E a vontade de me evaporar preencheu-me por completo, não deixando espaço para mais nada. Não escrevia há meses. Sinto-lhe a falta todos os dias. Mas havia (há) um medo tão grande de começar e só sair merda. E, no entanto, cá estou eu a escrever de novo. Mesmo que merda, a caneta deslizou sobre o papel e, agora, os dedos saltam de tecla em tecla como se daqui nunca tivessem saído. O olhar segue os gatafunhos, o pensamento destrinça frases e e

A Língua do Michael Jordan

O ídolo (imagem retirada da Internet) Um dia destes, enquanto assistia a um treino do meu filho, reparo que ele está sempre de língua de fora... Ele não é daqueles miúdos que põem a língua de fora quando escrevem ou quando fazem qualquer coisa que lhes exija um pouco mais de concentração, por isso estranhei! No intervalo que o treinador lhes dá para irem beber água, ele chega-se ao pé de mim e diz: -Viste, mãe, estive de língua de fora como o Michael Jordan? (Para quem não conhece, o Michael Jordan, o mocinho aqui ao lado, foi um dos melhores jogadores de basquetebol do mundo e uma das suas características era jogar com a língua de fora.) O meu filho estava todo orgulhoso a imitar o Michael Jordan, sentia-se o melhor jogador do mundo à custa da sua linguinha ao vento, mas eu (estúpida!) estraguei a sua alegria, com esta minha triste saída: -Pois, mas se não pões a língua para dentro ainda a mordes se te derem um encontrão, além de pareceres um tontinho... Arrependi-me da parte do