Ontem foi dia de IPO.
Apesar de todas as dores que me causa estar no IPO, é sempre bom ir lá levar um banho de humanidade, de vez em quando. Ao contrário de alguns sítios que temos de frequentar cá fora, ali somos gente, mais do que isso, ali somos gente a cuidar. E a vida também está aí: no cuidar e sermos cuidados.
Naquele lugar onde também mora a morte, apercebemo-nos que damos importância a coisinhas insignificantes diariamente e que estas são minúsculas perante a grandiosidade que encontramos no lenço oferecido por uma estranha a um velhote entubado que não consegue controlar a saliva que lhe escorre; na bandolete com lacinho que circunda a careca da menina que anda de baloiço no parque infantil; no olhar preocupado da mãe que acompanha o filho adulto aos exames; na cabeleira atabalhoada de corte fashion da senhora de meia-idade; na ajuda da enfermeira a ajeitar a echarpe que tapa uma careca luzidia; na mão da mulher que aperta a do marido incapaz de levantar os olhos dos pés; na voz da médica que nos acalma as inseguranças.
E é nestes momentos, em que sentimos a humanidade transbordar à nossa volta, que damos o real valor ao dia lindo que está lá fora e à capacidade de o desfrutar.
É nestes momentos que me sinto imensa por poder sair à rua e, simplesmente, abraçar o dia.
E estes teus textos, são a extensão dessa humanidade. Obrigada pela partilha.
ResponderEliminarBeijinhos
O IPO é a casa da tristeza, da esperança e da alegria redescoberta, tudo junto no mesmo sítio!
ResponderEliminarE os teus, Benedita, e os teus!
ResponderEliminarBeijinhos
Verdade, Naná!
ResponderEliminarE aquela gente que lá trabalha é de ouro!
Beijinhos