Abandonei-me à beira da estrada. O corpo moído cai trôpego. Já não sinto os braços, as pernas ou a cabeça. Tudo me desliza, se entorna, cai.
Sei que ainda tenho a garrafa de vinho na mão. Oiço o barulho do saco de plástico que a envolve ao mínimo movimento dos meus dedos.
Vejo pés que passam sem abrandar. Chinelos, sandálias, sapatilhas, sapatos de salto alto e de atacadores passam por mim sem abrandar.
Sei que estou aqui porque ainda me sinto o cheiro. Cheiro mal, sei que cheiro mal. Já nem me lembro do último banho ou de quando mudei de roupa. Os meus pés começam a pisar a passadeira que tantos atravessam sem me verem.
Será que morri? Morri sim! Já ninguém me vê. Sei que estou invisível ou que...
Foto DAQUI |
O nós que só vemos o nosso umbigo...
ResponderEliminarIsto corta-me o coração... o pior é quando vemos, mas desviamos o olhar de forma consciente...
ResponderEliminarQuando a força anímica se esvai já pouco importa e nenhuma ajuda a fará regressar, há casos irremediavelmente perdidos a ajuda terá de começar muito antes
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