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Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2013

Assim, do Nada...

Tenho um grave problema com datas. Lembro-me de datas de aniversários de colegas de infância que nunca mais vi, mas não retive a data da morte do meu avô ou da minha égua. Não memorizo as datas das consultas, análises e tralhas dessas da minha mãe, ou mesmo das minhas. Hoje, lembrei-me que a égua morreu em Agosto. Pensei "lá para o fim de Agosto". Procurei aqui no blogue pelo post em que falei sobre esse assunto e, no dia 20 de Agosto de 2012 , lá estava ele. Já passou um ano. No dia 19, em que fez um ano, não me lembrei. Entretida que estava com as férias, não me lembrei que iria começá-las precisamente no dia em fazia um ano que a égua morreu. Como tal, também não me lembro quando faz anos que o meu avô morreu. Sei que o perdi algures no mês de Junho. Lá para o meio. Sei isso porque a minha mãe sabe todas essas datas importantes e lembra-me. Se não fosse ela, nem isso sabia. Mas apesar de não memorizar estas datas, lembro-me, várias vezes, dos meus entes queridos que

A Propósito dos Bombeiros Voluntários...

Não venho para aqui lamentar a morte dos bombeiros. É claro que lamento, mas não acho que os meus lamentos cheguem a algum lado. Por isso, venho revoltar-me contra a morte dos bombeiros. Venho indignar-me com a dependência que temos em relação a uma das opções de vida mais nobres que conheço, a de ser bombeiro voluntário. Sou contra o voluntariado! Acho a decisão de ser voluntário de uma nobreza imensa, mas sou contra o voluntariado. Especialmente, sou contra instituições viverem e dependerem do voluntariado. Ajuda humanitária, bombeiros, apoio social e causas idênticas mereciam profissionalização e, essencialmente, salários à altura da nobreza das causas. As causas não perderiam notabilidade se fossem devidamente pagas. Os bombeiros ou quaisquer outros voluntários não perderiam qualidade se fossem assalariados, bem assalariados. Antes, ganhariam qualidade. Teriam mais meios e condições para exercerem as suas funções e seriam merecidamente retribuídos por elas. E nós, simples

"Fostes"

Pai a ouvir este fado no Youtube. J.- Pai, põe lá essa música do princípio outra vez! Pai - Porquê? J.- Põe, põe lá outra vez... Do princípio. O pai reinicia a música. J.- Ela disse "fostes"! Ela disse "fostes"! Mãe na casa-de-banho a fazer "algo" que ninguém pode fazer por ela. J.- Mãe, no fado que o pai está a ouvir a senhora disse "fostes"! Oh sim, um português muito bem "dizido". Até fiquei de boca "abrida"! Deu-me uma dor no "pescanhoço" e fome no "estôgamo"! Ah ah ah ah! Mãe - Deu-te isso tudo? J.- Claro! Com este português tão bem "dizido"... Não sei se este "fostes" não será a conjugação da segunda pessoa do plural (vós) no pretérito perfeito do verbo "ser"...  Já ouvi a música várias vezes para tentar descobrir qual é o sujeito da frase. Parece-me ser "o fado", que no resto da cantiga é tratado por "tu", segunda pesso

Cabelo Azul e Mãe-Máquina-Destruidora

Em conversa pré-sono. -Amanhã, vou pintar o cabelo! -Eu vou contigo! -Também queres ir pintar o cabelo? -Ah ah ah! Sim! -Vais pintar de que cor? Azul? -Pode ser... O que é mais barato, pintar o cabelo todo ou madeixas? -Pintar o cabelo todo. As madeixas são muito caras. -Então vou pintar de azul com aquelas tintas que não fazem mal...  -Champô-colorante? -Sim, isso. -Não vais, não! -Porquê? -Porque eu não deixo. Não tens idade para pintar o cabelo, nem com champô colorante... Pintar o cabelo faz mal, especialmente às crianças. -Vês, tu és mesmo uma  máquina-destruidora ! -Sou? -Sim, és muito protectora.  -Achas? -Sim. Não deixas que aconteça nada de mal a ninguém. -A ninguém não, só a ti. -Não, não é só a mim. Lá no Badoca também protegeste aquela menina daquela senhora. -Qual menina? -A menina francesa... Quando aquela senhora pôs os filhos à nossa frente... És uma máquina destruidora! -Mas porquê destruidora? -Porque levas tudo à fre

Como Podemos Ter Crianças Bem-Educadas Se Temos Adultos Tão Mal-Educados?

Badoca Safari Park... Má-Educação Nº 1 e 2 Antes de entrarmos no tractor-comboio que nos leva a observar animais em estado pseudo-selvagem, temos vários avisos, um deles é que não se pode comer durante a viagem. Entramos no tractor-comboio, o guia avisa a tripulação das várias normas de segurança e, quando paramos a primeira vez, vai a mãe da família que segue atrás de nós, saca da caixinha das bolachinhas e toca a distribuir bolachinhas pela pequenada que guincha como se não houvesse amanhã. Má-Educação Nº 3 A cada paragem do dito tractor-comboio, o guia explica-nos as características de cada animal que avistamos. Os rebentos da mesma família gritam de histerismo. Os pais dos rebentos riem da gritaria. O guia não se ouve. Má-Educação Nº 4 Um dos ditos rebentos guinchadores e comedores de bolachinhas quer ver hienas. A mãe do rebento aponta um gnu e identifica-o como uma hiena, depois de chamar gato a um tigre de bengala. Bchi, bchi, bchi, anda cá gatinho! Má-Edu

Extremamente Rasca

Hora de almoço. Desço a rua em direcção ao Centro Comercial onde geralmente almoço. Passo pelos sem-abrigo já meus conhecidos. Já não são três, são cinco ou seis. Estão reunidos em volta dos pertences que lhes sobram. Talvez tomem conta deles para que não desapareçam como tudo o resto que já lhes desapareceu... Chego ao Centro Comercial e dirijo-me a uma qualquer cadeia de fast-food . Há imensa gente. Vejo-me rodeada de estrangeiros. Pedem comida em línguas diferentes. Uns tentam falar português. O empregado não percebe o que dizem, mas finge que entende qualquer coisa. Repetem, agora em inglês. O empregado articula um inglês macarrónico na resposta. Finalmente, acertam no menu. Pedem comida que poderiam comer em qualquer canto do mundo. Desta vez, vêm comê-la a Portugal. Usam notas altas para pagar. Vão, satisfeitos de tabuleiro na mão, procurar um lugar onde saborear a comida internacionalmente rasca. Vão contentes e não seguros, tal Leonor vai à fonte descalça. Não sabem, mas o

Parabéns ao Blogue!

Este blogue fez dois anos, no sábado passado, mas, para variar, esqueci-me.  Bad girl, bad bad girl! Parabéns atrasados a ele e a mim (que sou uma atrasada nestas coisas, e noutras...). Imagem da Net

Dêem-me a Vossa Opinião, Por Favor!

Ando a experimentar o Blog do Sapo e gostava que me dissessem o que acham do visual deste blogue por lá:  Se sentem que já não é o mesmo ou se está ainda melhor (ah ah ah, como se isso fosse possível!); se se identificam mais com o azul cueca de lá ou com o vermelho sangue de cá; se gostam mais do Sapo , porque, sei lá, vos apetece, ou do Blogger , pela mesmíssima razão, etc., etc., etc... Cliquem  AQUI , please! Vejam bem todos os cantos e recantos, com olho clínico e, chutem opiniões p'ráí! Merci! Thanks! Danke! Obrigadô!

Plantossoas ou Pessolantas

Em conversa pré-sono. - Mãe, quando vi aquele cordão umbilical na Pais & Filhos , pareceu-me um polvo. - Oh não, é tipo um saquinho com muitos fios lá dentro que são as veias e que levam os nutrientes ao bebé. - Através do sangue? - Sim, é o sangue que leva os nutrientes ao bebé quando está na barriga da mãe. É incrível esta história da vida, não é? Como pessoas dão origem a outras pessoas. - Sim, é um bocado estranho! - Pois é. Duas pessoas fazem outra pessoa dentro de uma delas. - Felizmente, eu nunca vou ter uma pessoa dentro de mim! - Felizmente??? É bom ter uma pessoa a crescer dentro de nós! Mas vais dar uma sementinha para a pessoa crescer dentro de outra pessoa! - Sim, pois vou... Mas qualquer dia, isso vai acabar! - Vai? - Sim, vão-se criar pessoas através das plantas! - Das plantas?! Então porquê? - Porque isto vai tudo mudar! As pessoas vão-se juntar com as plantas e formar outras pessoas! - Ah ah ah! Plantossoas? - Sim, ou pessolantas! A

A Força e a Coragem do Cancro

Quando se fala de e para doentes oncológicos sobreviventes, muitas vezes ouvimos as palavras "força" e "coragem": "Ai que ela deve ter uma força incrível para aguentar isso tudo!"; "Ele é um homem de coragem para vencer o cancro!"; "É preciso muita força!"; "Só uma mulher de coragem e cheia de força poderia estar aqui tão bem quanto ela está, depois de tudo por que passou!" TRETAS! Primeiro que tudo, o cancro não se vence. O cancro, por quem passa, deixa uma espada sobre a cabeça prestes a cair. Ela estará sempre lá, por mais que a tentemos esquecer. E pode cair a qualquer momento. A espada do cancro vai-nos espicaçando um pouco todos os dias para que nos lembremos que a nossa finitude é iminente. Até à data, curar um cancro é uma utopia. Vencer o cancro é outra ainda maior. Para sobreviver ao cancro não é preciso força nenhuma, nem coragem. É preciso ter essencialmente sorte e bons médicos. E é preciso acreditar qu

Cogumelos Chineses

Como já devem ter reparado, não sou racista, nem xenófoba, mas há uma coisa que me tem estado a fazer "espécie": A quantidade de lojas de comerciantes chineses, que brotam tal cogumelos, por este Portugal fora e, mais especificamente, na minha terra! Não tenho nada contra chineses, nada mesmo. Nem falaria aqui sobre o facto de serem chineses, se estes não usufruíssem de condições diferentes das dos portugueses no que toca a abrir lojas.  A verdade é que os comerciantes chineses têm condições com as quais os comerciantes portugueses não conseguem competir. Pelo que andei para aqui a investigar na Net, que vale o que vale, o governo chinês paga o aluguer do estabelecimento aos seus conterrâneos que se mantenham em terras lusas durante os primeiros cinco anos. A somar a esta maravilhosa condição a quem pretende abrir um estabelecimento comercial (também através da mesma fonte de informação) estes estabelecimentos não estão completamente licenciados, licenciam-se apenas nu

O Princípio do Fim da Escola Pública

ESTA NOTÍCIA  vem acentuar as minhas suspeitas de que a escola pública está perto do fim. Depois da venda da EDP, da ANA, a futura venda dos CTT, e da acelerada degradação do SNS, a escola pública está a caminhar para o abismo. O país vai fechar as portas depois de lhe pendurarem uma tabuleta a dizer "LIQUIDAÇÃO TOTAL". O cheque-ensino, com que tantos vão delirar só de imaginarem os seus rebentos fardados a entrarem no colégio XPTO ao lado do filho da personalidade X ou Y, que chega à escola de Porsche e veste Prada aos fins-de-semana, veio para desmantelar o ensino público. Dar às famílias a possibilidade de escolha da escola que os filhos vão frequentar, dentro da rede das escolas privadas, em vez de ser dentro de uma rede, mais vasta e melhorada, das escolas públicas, é assinar o atestado de óbito (antes mesmo de ser redigido o boletim de nascimento) a uma educação pública de qualidade. Tornar a educação num negócio é tão mau quanto tornar a saúde num negócio.

Tugalândia

Era uma vez um país distante situado num cantinho remoto da Europa. Tão distante que a maior parte dos americanos e uma grande parte dos europeus pensava que fazia parte da Espanholândia. Ao contrário do que estes povos pensavam, este país tinha um nome: Tugalândia.  Neste país pequenino e rodeado por mar por todos os lados menos por um, viviam os Tugas, um povo pequenino de mentalidade, mas grande de aspirações. Os Tugas estavam divididos em dois grandes grupos: o dos Espertalhex e o dos Otariadex. Mas havia ainda um minúsculo grupo de seu nome Interessadex. Os Interessadex não tinham grande expressão, como grupo pequenino que eram, ninguém os ouvia. Podiam falar, falar e falar, que o que diziam só era ouvido pelos restantes membros do mesmo grupo. Os Espertalhex diziam que eles só tinham ideias utópicas, que viviam num mundo à parte e que não se conseguiam conectar com a realidade, etc., etc... Os Otariadex viviam fascinados com os Espertalhex e acreditavam em tudo os que este

Revoluções...

O J. doente e deitado na cama. Eu deitada com a cabeça ao lado da barriga dele. - A tua barriga está a fazer imenso barulho! - Está? Não oiço. - Está! Está a haver uma revolução aí dentro! - Ah, já estou a ouvir. Estão a cantar a "Grândola" dentro da minha barriga... É o estômago que está a fazer uma revolução contra os vomitados. - Ai sim? - Sim. Ele está a cantar "Grândola, veias moreeeenas. Corpo da fraternidaade. Os glóbulos brancos são quem mais ordeeeenam, dentro de ti, ó meu cooorpo!" - Ah ah ah ah! - As veias são a cidade, as artérias são as vilas e os capilares são aldeias. - E os glóbulos brancos são o quê? - São as tropas. - Humm, sim, é uma boa! Na saúde e na doença não falte nunca o sentido de humor!