Eis a questão...
Quando educamos os nossos filhos, o que lhes queremos transmitir?
Queremos que sejam felizes, certo? Mas onde encontrarão eles a felicidade? Na integração social ou na riqueza de valores?
Gostaríamos de poder responder "nas duas!".
Mas nem sempre isso é possível... Se a sociedade é injusta e sem valores, incutir-lhe valores fortemente vincados, não irá fazê-los sentirem-se desintegrados? Se estão integrados numa sociedade injusta, será que os valores estão bem interiorizados?
Assim, o que escolhemos? Integrar ou valorizar?
Ao longo destes nove anos de maternidade, tem-me assaltado esta dúvida inúmeras vezes...
Até agora, tenho optado pelos valores.
Tenho feito tudo para que o meu filho saiba distinguir a justiça da injustiça; saiba olhar a diferença sem preconceitos; tenha uma visão do mundo o mais vasta possível; conheça todo o tipo de pessoas, experimente gastronomias diferentes, contacte com várias formas de arte; visite outros países e outras culturas; descubra religiões e modos de vida variados; e no final, encontre os caminhos que pretenda trilhar.
Até agora, tenho optado pelos valores.
Tenho feito tudo para que o meu filho saiba distinguir a justiça da injustiça; saiba olhar a diferença sem preconceitos; tenha uma visão do mundo o mais vasta possível; conheça todo o tipo de pessoas, experimente gastronomias diferentes, contacte com várias formas de arte; visite outros países e outras culturas; descubra religiões e modos de vida variados; e no final, encontre os caminhos que pretenda trilhar.
Desde muito pequenino que, eu e o pai, temos batalhado por lhe dar o mundo a descobrir. Evitámos que lhe transmitissem ideias estereotipadas e incentivámos a que cultivasse sempre um espírito crítico.
Hoje, passados nove anos, ele é um menino diferente. Ao contrário da maior parte dos colegas, ele teve experiências vastas e conhecimento mais profundo da diversidade da espécie que lhe permitem ter uma mente mais aberta. Comparando com alguns dos colegas, ele aceita melhor a diferença seja ela qual for. Não discrimina as pessoas por serem velhas ou novas, pretas ou brancas, altas ou baixas, gordas ou magras, religiosas ou não-religiosas, hetero ou homossexuais. Aceita-as, interroga-se e utiliza os conhecimentos e a mente aberta para descobrir mais um bocadinho deste mundo gigante.
Nós, pais babados, orgulhamo-nos disso.
Mas, e há sempre um "mas" a lixar isto tudo, sentimos que ele, por ser diferente da grande maioria, está pouco integrado nesta sociedade fechada, preconceituosa e discriminadora em que vivemos. Sentimos que os outros o discriminam por ele não ser igual a eles, e o que o difere é aceitar a diferença dos outros sem preconceitos, o que torna "a coisa" bastante irónica e traz-nos de volta a dúvida "será que estamos a fazer bem em educá-lo a ser diferente da maioria?".
Com esta dúvida, surgem outras como "será que ele terá capacidade para gerir o desprezo e a discriminação que vai sofrer?", "será que ele não seria mais feliz se fosse mais parecido com os outros, se partilhasse os mesmos ideais?", "se ele pudesse escolher a educação que lhe damos, será que seria esta a que escolheria?".
E a grande questão impõe-se: A felicidade está na diferença (sabendo que esta acarreta uma boa dose de discriminação) ou na igualdade (sabendo que esta é desprovida dos valores que defendemos)?
Nós, pais babados, orgulhamo-nos disso.
Mas, e há sempre um "mas" a lixar isto tudo, sentimos que ele, por ser diferente da grande maioria, está pouco integrado nesta sociedade fechada, preconceituosa e discriminadora em que vivemos. Sentimos que os outros o discriminam por ele não ser igual a eles, e o que o difere é aceitar a diferença dos outros sem preconceitos, o que torna "a coisa" bastante irónica e traz-nos de volta a dúvida "será que estamos a fazer bem em educá-lo a ser diferente da maioria?".
Com esta dúvida, surgem outras como "será que ele terá capacidade para gerir o desprezo e a discriminação que vai sofrer?", "será que ele não seria mais feliz se fosse mais parecido com os outros, se partilhasse os mesmos ideais?", "se ele pudesse escolher a educação que lhe damos, será que seria esta a que escolheria?".
E a grande questão impõe-se: A felicidade está na diferença (sabendo que esta acarreta uma boa dose de discriminação) ou na igualdade (sabendo que esta é desprovida dos valores que defendemos)?
Uma duvida que também segue constantemente comigo, também optamos pelos valores e por vezes a princesa também sente a mesma coisa quando defende a sua posição e quando quer seguir um caminho diferente dos outros, esta caminhada nem sempre e fácil e por vezes dou comigo a dizer-lhe que tente não "bater de frente" que aos pouquinhos vá mostrando o seu ponto de vista sem criar inimizades e sem abdicar dos seus valores, tem resultado mas não tem sido nada fácil.
ResponderEliminarSe descobrires o equilíbrio entre ambas por favor partilha.
Beijinhos
Rosinha,
ResponderEliminarNão é mesmo nada fácil!
Não acredito que o vá descobrir, mas se descobrir, prometo que partilho! ;)
Bjs
Eu tomei a mesma opção que tu, e tenho consciência que ele pode vir a sofrer por isso, mas prefiro que ele tenha valores do que se encaixe na "normalidade"... não ficaria bem comigo mesma se assim não fosse!
ResponderEliminarAcho que a preocupação e a forma de educar é aquela que partilho também com as minhas filhas, muito provavelmente porque vemos hoje uma geração com 20 anos muito perdida. Resta acreditar que esta geração que alguns estão a tentar construir sem preconceitos, sem injustiças sejam quem um dia saiba governar o nosso país, contrariando tudo o que por ai anda! A esperança é a última morrer, por isso, enquanto pais resta-nos fazer o melhor que pudemos para o futuro de todos.
ResponderEliminarTambém dou mais importância aos valores. E o meu apesar de ter apenas 3 anos, já percebe bem as diferenças e aceita-las com naturalidade... no colégio dizem que é um menino com muitas vivências, especial, ele fala de andar de canoa, de regar a horta, de passeios a pé e afins, ao incio perguntaram-nos se era tudo invenção da cabeça dele, agora dizem-me entre dentes que, os "outros" não têm a mesma vivência que o Manel, que os pais não os estimulam... se vai sentir-se deslocado? provavelmente sim, mas prefiro isto do que ser o menino dito "normal" que apenas vê tv e joga pc e que olha os diferentes dele, de lado.
ResponderEliminar(nós também não somos uma familia dita "normal" tenho a sensação que até alguns amigos nos olham de maneira diferente, mas não me importo, porque o meu filho com apenas 3 anos sabe distinguir a realidade da ficção, o bem do mal, foi o unico que aceitou bem desde o primerio dia a menina negra que tem na sala, pede desculpa, sff, e diz obrigada e isto enche-me de orgulho!)
Naná e Tanita,
ResponderEliminarOs vossos meninos ainda são pequeninos para sentirem o "peso da diferença". À medida que eles vão crescendo a discriminação acentua-se e as nossas preocupações agudizam-se. Os miúdos, ditos normais, podem ser muito cruéis e nós como pais temos que estar sempre à procura do equilíbrio, porque a sociedade é maioritariamente composta por gente "normal" e os nossos filhos se são diferentes vão estar sempre a sentir essa diferença na pele.
Claro que isso também lhes vai dando arcaboiço para aguentar a pressão social, mas a auto-estima é sempre afectada. E o mais difícil é geri-la... Dizer-lhes que estão certos sem que pensem que são os melhores do mundo, mas ao mesmo tempo impedindo-os de caírem na desgraça de sentirem que são eles o erro da sociedade.
Os valores têm que ser a base da força deles numa sociedade sem valores. É difícil. Ficamos sempre na dúvida se estamos ou não a fazer bem.
Bjs
João de Matos,
ResponderEliminarEsperemos que sim, que a sociedade vá evoluindo por um caminho melhor. Tenho medo que aconteça o inverso. Vejo alguns valores perderem-se enquanto outros ainda não estão bem interiorizados.
Vejo muito ignorância ainda estampada nas caras dos miúdos e uma ignorância por opção, não por incapacidade, e isso assusta-me.
Mas é como diz, temos que ter esperança.
Bjs