Tenho vários. Mas um é flagrante. Não consigo manter conversas de circunstância mais de cinco, vá lá dez minutos. Pelo contrário, o pai do J. tem uma paciência louca para as ouvir, o que me coloca na posição da apressada que se quer ir embora o mais depressa possível.
Falar do tempo, das meias que preciso dobrar ou das tricas dos colegas de trabalho, definitivamente, não é para mim. Prefiro ficar caladita a falar de coisas que não me interessam nada. Mas o meu maior problema não é não conseguir falar destas trivialidades, é não as conseguir ouvir. Bloqueiam-se-me os ouvidos e não oiço nada do que dizem. Falam, falam, e eu não retenho nada. Se no final, me pedissem um resumo da conversa estaria lixada, pois dificilmente conseguiria indicar sequer o tema.
No entanto, parece que tenho escrito na testa "por favor, falem comigo de merdas que não me interessam".
Certas pessoas, quando me apanham, desatam a descrever a forma como passam a roupa a ferro ou detalham-me receitas de culinária como se a minha vida dependesse desses pormenores. Não as querendo desiludir ou ofender, tento ouvir o que dizem mostrando um certo interesse, mas tentando sempre desviar o assunto para algo que me agrade mais. E fracasso, fracasso sempre. Dou por mim num labirinto de pormenores domésticos sórdidos de onde dificilmente consigo sair. Daí a pressa. Vivo com pressa de me afastar deste tipo de conversas que me perseguem. E o pai do J., agradável e simpático como só ele, lá fica a dar corda a temas que me torturam. O que me enche de vontade de lhe dizer "até logo, baby, vou ali dobrar meias e já volto, ok?".
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Vá lá, digam qualquer coisinha...
...por mais tramada que seja...