Avançar para o conteúdo principal

Que a Terra Passe a Girar ao Contrário Porque Eu, Sei Lá, Sou Caprichosa e... Apetece-me!

Estava eu sentadita, no comboio, junto à janela e eis que chega uma mocita armada aos cucus.
Senta-se à minha frente e desata a pisar o meu pé, que está sobre aquele degrauzito que há de lado nos lugares junto às janelas.
Dou-lhe algum espaço, mas não tiro o pé dali e aguardo que ela se acalme.
Às tantas, a querida diz:
- Desculpe, dá-me licença? - abana a pernita e o pezito de maneira a tentar arrancar o meu pé do sítio onde ela quer pôr o dela.
Respondo-lhe:
- Peço desculpa por ter as pernas grandes. Infelizmente, não as posso arrumar dentro do bolso!
A mocita continua: 
- Sim, mas pode pôr a perna para ali.
- Sim, de facto podia, mas não ponho. Tenho as duas pernas aqui encostadas, e a senhora tem este espaço todo deste lado, arrume as suas aí.
Ela volta ao ataque:
- Ah, mas podia pôr esta perna para aqui - disse, querendo que eu fosse de "perna aberta" para ela pôr o pé no sítio do meu, mas esquecendo-se que, se eu não tivesse aquele pé ali, poderia ter o outro que estava um degrau mais acima, cuja perna estava quase enfiada na parede do comboio.
Respondo:
- Mas não ponho. Já estou encolhida que chegue, aqui para este lado. Tem espaço desse lado, use-o! Além disso, eu estava cá primeiro...
Sou de novo atacada pela egocêntrica-mor:
- Mas isto não tem nada a ver com quem chega primeiro!
Desisti de argumentar, mas não tirei o pé dali. Ela queria o pé dela no sítio do meu e achava que, após a sua chegada, pisadelas e reivindicações, eu devia tirar o pé de onde estava para ela pôr o dela.

Sim, menina, é isso e a Terra passar a girar ao contrário só porque... te apetece!

Comentários

  1. Há cada uma! Desculpe mas idealizei a cena e tive que me rir. Há situações que parecem anedotas.
    Lembrei-me de uma situação diferente que se passou comigo mas que ainda hoje me faz rir! Eu estacionei e um fulano decidiu que morava ali perto e que o lugar era dele Já não sei bem o que aconteceu, depois do sujeito ter refilado, sem razão alguma, perguntou-me: sabe quem sou eu?
    Pergunta minha:E o senhor sabe quem eu sou? Não! (foi a resposta dele) Virando-lhe as costas fui dizendo: ainda bem!
    Já passaram mais de 40, não faço ideia de quem era o fulano!
    Mas foi divertido! Deve ter ficado com cara de parvo.
    Abracinho meu!

    ResponderEliminar
  2. Ah ah ah!
    Teve uma saída muito boa! O senhor não estava a merecer outra coisa!
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  3. Que descaramento, eu não conseguiria ficar tão calma, há gente com uma lata, claro que não devias tirar o pé, era o que faltava, até fervi por dentro só de ler o dialogo...


    Beijoca

    ResponderEliminar
  4. Felina,
    Eu também fervi, só que não me estava muito a apetecer andar à porrada logo pela manhã!
    Tive que me segurar!
    ;)
    Bjs

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Vá lá, digam qualquer coisinha...
...por mais tramada que seja...

Mensagens populares deste blogue

Vejam só o que encontrei!

Resumindo :  Licenciatura em marketing (um profissional certificado); Gosto pela área comercial (amor cego que se venda barato);  De preferência, recém-licenciado (cabeça fresquinha e sem manhas); Com vontade de aprender (que aceite, feliz, todas as "óptimas" condições de trabalho que lhe oferecem, porque os ensinamentos não têm preço); Disponibilidade imediata (já a sair de casa e a arregaçar as mangas);  Carta de condução (vai de carro e não seguro, como a Leonor descalça do Camões);  Oito horas de trabalho por dia e não por noite (muito tempo luminoso para aprender, sem necessidade de acender velas). Tudo isto, a troco de: Um contrato a termo incerto (um trabalho p'rá vida); 550€ / mês de salário negociável (uma fortuna que pode ser negociável, caso o candidato seja um ingrato); Refeições incluídas (é melhor comer bem durante as horas de serviço, porque vai passar muita fominha a partir daquela hora do dia em que tiver de

Apneia

 Sempre esta coisa da escrita... De há uns anos para cá tornou-se uma necessidade como respirar. Tenho estado em apneia, eu sei. Não só, mas também, porque veio a depressão. Veio, assim, de mansinho, como que para não se fazer notar, instalando-se cá dentro (e cá fora). Começou por me devorar as entranhas qual parasita. Minou-me o corpo e o cérebro, sorvendo-me os neurónios e comendo-me as ideias, a criatividade e a imaginação. Invadiu-me a mente e instalou pensamentos neuróticos, medos, temores, terrores até. Fiquei simultaneamente cheia e vazia. E a vontade de me evaporar preencheu-me por completo, não deixando espaço para mais nada. Não escrevia há meses. Sinto-lhe a falta todos os dias. Mas havia (há) um medo tão grande de começar e só sair merda. E, no entanto, cá estou eu a escrever de novo. Mesmo que merda, a caneta deslizou sobre o papel e, agora, os dedos saltam de tecla em tecla como se daqui nunca tivessem saído. O olhar segue os gatafunhos, o pensamento destrinça frases e e

Dos blogues

DAQUI Comecei isto dos blogues faz tempo. Mais precisamente em 2011. Faz tanto tempo que este menino aqui já completou cinco anos em Agosto. Há cinco anos e picos que venho para aqui arrotar as minhas postas de pescada. Primeiro, em núpcias das delícias da maternidade; depois confrontada com o fim das núpcias; hoje, com a consciência de que a maternidade se expande por tudo o que é lado da vida da gente. Nunca, mas mesmo nunca, tentei tornar este blogue num lugar cuchi-cuchi, fofinho e queridinho. Este lugar não é de todo fofinho. Não há por aqui adoçantes da vida, nem marcas a embelezar o que se passa por dentro e por fora da minha experiência enquanto mãe, ou enquanto pessoa, ou até mesmo a comandar o que escrevo. Não me deixo limitar por "politicamente correctos" ou estereótipos que atentem contra a minha liberdade na escrita. Escrevo o que me dá na real gana, quando me dá na real gana. Em tempos, cheguei a ter por aqui uma publicidade, mas nada que me prendesse

Tenho uma tatuagem no meio do peito

Ontem, no elevador, olhei ao espelho o meu peito que espreitava pelo decote em bico da camisola, e vi-a. "Tenho uma tatuagem no meio do peito", pensei. Geralmente, não a vejo. Faz parte de mim, há dez anos, aquele pontinho meio azulado. Já quase invisível aos meus olhos, pelo contrário, ontem, olhei-a com atenção, porque o tempo já me separa do dia em que ma fizeram e me deixa olhá-la sem ressentimentos. À tatuagem como à cicatriz que trago no pescoço. A cicatriz foi para tirar o gânglio que confirmou o linfoma. Lembro-me do médico me dizer "vamos fazer uma cicatriz bonitinha. Ainda é nova e vamos conseguir escondê-la na dobra do pescoço. Vai ver que quase não se vai notar". Naquela altura pouco me importava se se ia notar. Entreguei o meu corpo aos médicos como o entrego ao meu homem quando fazemos amor. "Façam o que quiserem desde que me mantenham viva", pensava. "Cortem e cosam à vontade! Que interessa a estética de um corpo se ele está a morrer

Adolescência e liberdade

Os casos de adolescentes que se agridem têm inundado a comunicação social. Ora os irmãos, filhos de um embaixador, que espancaram um rapaz de 15 anos; ora o rapaz de 16 anos que espancou outro de 14 até à morte. Para a comunicação social, estes casos são "doces". Geram polémica, opiniões controversas, ódios e amores e duram, duram, gerando imensos artigos com informações e contra-informações. O primeiro caso, conhecido por "caso dos irmãos iraquianos" pode ter "origens xenófobas", diz-se por aí. A verdade é que se não teve "origens xenófobas" pode vir a ter "fins xenófobos". O facto de se sublinhar que os gémeos são iraquianos na divulgação das notícias sobre este caso está a abrir caminho para potenciar ódios de cariz xenófobo. A opinião pública revolta-se contra os agressores, que não tendo desculpa pelas agressões, seja qual for a origem destas, relacionam-nos com a sua nacionalidade. "Ah e tal, são iraquianos!"; "E