Pensei que só tínhamos andado para trás até à época do Estado Novo, que só a censura, um pouco dissimulada, é certo, mas a censura, tivesse voltado. Enganei-me. Afinal, andámos tão para trás que chegámos ao tempo da Revolução Industrial. Não em termos de desenvolvimento económico, ou tecnológico, mas em retrocesso humano e social.
As pessoas, depois de passarem todas as épocas de renovação e estímulo intelectual, como o humanismo, o iluminismo, ou o renascimento, deixaram, novamente, de ser consideradas pessoas e voltaram a ser mão-de-obra. Mas a mão(-de-obra) só é assim considerada se não tiver nenhum problema nas unhas ou nos dedos, caso contrário, nem sequer é vista como mão.
Sinto a sociedade a suicidar-se, a aniquilar tudo o que foi construído à custa de muitas mãos, pés, cabeças e vidas.
E isso dói.
O valor das pessoas ser equivalente àquilo que conseguem produzir, ao dinheiro que conseguem gerar, está a provocar uma dor profunda no meu peito. Despedirem-se trabalhadores por "dá cá aquela palha", retirarem-se direitos a doentes, velhos, crianças, enfim pessoas em geral, não é só doloroso, como também é penoso. A importância exacerbada que se dá às capacidades e incapacidades de cada um, tanto físicas, como morais, pessoais ou ideológicas e a facilidade com que se dispensa alguém ou se dispensa alguma coisa de alguém, são assustadoras.
Vejo o respeito pela individualidade de cada um diluir-se em interesses menores, em quezílias supérfluas, em merdices.
Vejo o socialismo esmagado pelo capitalismo e a democracia num processo vertiginoso de falecimento.
E isso dói! Dói demais!
A mim também me dói, imenso.
ResponderEliminarAcho que acima de tudo se estão a perder valores. A falta de respeito pelo próximo, a não lealdade, a impunidade...metem-me nojo.
Sabes? já não me sinto bem neste país, começo com sério receio que um dia me sinta envergonhada de ser portuguesa (ainda mais quando vejo documentários como o que está a passar há 2 dias na sic noticias) :(
Não sei o que dizer...apenas que sinto o mesmo!
ResponderEliminarAbracinho meu!
o triste está precisamente aí... no sentirmos e voltarmos a escrever tempos passados que julgávamos sentenciados perpétuamente, mas não... estão cá, em moldes mais sofisticados de dureza...!!
ResponderEliminaraté
È o poder do dinheiro... e é assustador...
ResponderEliminar