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Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2013

#15 Músicas Que Entranham

Quando estava grávida, esta música estava na "berra".  Sempre que a ouvia, dedicava-a ao pequenino que trazia sempre comigo, bem aconchegadinho, dentro da barriga. Ainda hoje, sempre que a oiço, é nele que penso, no  my shining star .

O Radar

Imagem retirada da Internet Hoje, cheguei a casa stressada, irritada, triste, em baixo mesmo. O J., que tem um radar super-potente que detecta qualquer alteração menos boa no humor da mãe, perguntou-me: -Então, mãe, o que é que tu tens? Estás triste? -Estou, estou chateada com o trabalho. Não me correu nada bem o dia... Chamou o pai: -Pai, pai, faz alguma coisa para despedirem a mãe do trabalho! Ela está triste com ele! -A mãe precisa é de miminhos! - disse o pai. -Anda, mãe, vamos fazer miminhos, os três, para a caminha! Anda! Pôs a casa em estado de sítio, agarrou-me na mão e puxou-me para o quarto. Descalçou os sapatos à pressa e saltou para cima da cama, enquanto me puxava. Deitei-me ao lado dele. Abraçou-me. -Anda pai, deita-te aqui também! Vamos dar beijinhos à mãe! Fiquei ensanduichada entre os meus dois meninos, que me abraçavam e davam beijinhos. Souberam-me tão bem aqueles momentos de extrema ternura...  Bendito radar!

Democracia

Durante o jantar, a ouvir o telejornal... -Gosto de ouvir este senhor! (D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas). -Gostas porquê, mãe? -Apesar de não ser católica, acho que ele é justo e defende os interesses das pessoas! Diz o que acha sem qualquer problema e se tiver que dizer mal do governo, diz, sem medos! -Gostas de o ouvir falar, como aquele dos médicos? (José Manuel Silva, Bastonário da Ordem dos Médicos). -Sim, como esse! -Mãe, se tu mandasses no mundo, ele estava bem melhor! -Porque dizes isso? -Porque tu mandas bem! -Mando?!?!?! -Mandas! Tu mandas em mim e mandas bem! -A sério? Achas mesmo isso? -Acho! -Oh, que bom! Fico muito feliz por pensares assim! Há coisa melhor, num regime democrático como o que se vive cá em casa, do que o povo estar com os governantes e os governantes com o povo?

Futilidades

Preciso de futilidades. Pu-las de parte faz tempo... E agora, preciso delas. Achei que a vida as prescindia. Mas não, estava errada. A vida sem futilidades torna-se vazia de tão cheia. Torna-se imensa, e desmesuradamente pesada. Tudo é demasiado arrebatador, ruidoso, cheio... Preciso de substituir espaços. Compartimentar emoções e sentimentos, temperar estados de espírito, cansar-me menos... Canso-me de sentir tudo tão intensamente... dói-me até... Preciso de espaços vazios onde caibam sentimentos ocos. Preciso do silenciar a alma, a dor... com nada... com o eco do silêncio, com o zumbido interminável do silêncio. Quero chegar ao fundo de mim e substituir a plataforma, apoiar-me em futilidades e viver alegre na certeza de que nada mais importa para além daquilo que é palpável, para além daquilo que não sou. Negar a essência e revirar a alma, torcê-la até, se necessário for. E renascer num vazio supérfluo, tão supérfluo que nada sentisse para além de um espaço... em branco. 

Araci

Todos os dias três de cada mês, Araci vai buscar a carta que traz o dinheiro, e as notícias, que  Jéferson  lhe manda. Todos os dias três de cada mês, veste o vestido das florzinhas, que comprou especialmente para ele.  Numa espécie de ritual, depois de pôr as crianças na escola, volta a casa para se arranjar. Tal e qual como se fosse receber   Jéferson , vindo de Portugal, à estação das camionetas. Despe a roupa do trabalho, toma um banho rápido, veste o vestido das florzinhas, perfuma-se com o perfume que ele lhe enviou lá da Europa e põe uma corzinha no rosto e nos lábios. Penteia os longos cabelos negros até à exaustão. Ficam lisinhos, lisinhos, como muito raramente consegue que fiquem. Apenas nos dias três de cada mês e quando ele voltar... Vê-se no pequeno espelho do quarto, roda a saia e calça as sandálias de pele, que comprou no senhor Josué, sapateiro da aldeia. Sente-se linda, naqueles dias três. Se o seu  Jéferson  estivesse ali agora, pegaria no violão e tocaria aquela m

#14 Músicas Que Entranham

Imediatismo Educacional

Já  AQUI  falei sobre este tema, é verdade, mas como este é um tema cada vez mais actual, não posso deixar de voltar a falar nele. Desta vez, ele vem a propósito  DESTE TEXTO  e de eu ter ido, recentemente, à reunião da escola do meu pequeno e ter constatado que cada vez há mais miúdos medicados na turma dele.  Confesso que me assusta, pais, professores, psicólogos e pedopsiquiatras, defenderem o uso de medicamentos para controlarem as suas crianças. Parece-me, e digo "parece-me" porque não tenho qualquer formação na área, além da de ser mãe, que a utilização de medicamentos e a rotulagem das crianças mais mexidas são motivadas pela preguiça e pelo desejo de uma fórmula mágica e imediata para a resolução de um problema, que por vezes é mais fácil de solucionar do que nos parece à primeira vista. Assusta-me ainda mais a educação de certas crianças estar mais dependente de químicos, do que de educação propriamente dita. Comparo-a aos comprimidos para emagrecer, que sub

Sintonia

Ontem, eu e o pai do J. tivemos direito à noite só nossa. Deixámos o miúdo na avó e seguimos para a night . Jantámos uma porcaria qualquer baratinha e teatro com eles! Fomos ver  O Palácio do Fim  ao teatro da Politécnica e depois rumámos ao Bairro Alto. Entrámos no  Catacumbas Bar  e ouvimos os  Catman and the Blues Doozers   all night long. Foi tãaaao bom! Estávamos mesmo a precisar de um banho de cultura para valorizarmos a vidinha... No caminho de volta para o carro, o pai do J. diz: -Como dizia o teu avô "Isto é que é gozar!". Realmente, a vida tem sentido é se a enchermos destas coisas. Quais carrões, quais grandes casas e grandes televisões, quais iphones e ipads, quais vidas de luxo?! Se eu tivesse dinheiro para fazer uma ou duas viagens, para fora, por ano e para sustentar estes programinhas culturais era feliz! Olhei para aquele homem e pensei "porra, não há sintonia mais perfeita do que a nossa! O amor é tão isto!".

Ganga Forever

Sou daquelas pessoas que, entre o chique e o confortável, prefere sempre o confortável.  No entanto, de vez em quando, gosto de me mascarar. Fico mais chique e menos confortável. Mascaro-me de senhora, de miúda fashion , de profissional de uma treta qualquer, enfim, do que me der na real gana. É raro mascarar-me, mas, às vezes, apetece-me, o que é que querem? Hoje, foi um desses dias. Mascarei-me de mais-ou-menos arranjadinha. Vesti-me com um vestidinho curto, mas não curto demais (tive que o comprar um número acima para evitar andar de rabo ao léu, pois neste país as roupas grandes são largas, mas não são suficientemente compridas, ou seja, são feitas a pensar em pessoas gordinhas, mas esquecem-se das pessoas compridas), um casaquinho bem comportado, calcei umas botas altas, mas sem saltos, para não parecer uma torre, e vesti o sobretudo por cima disso tudo, que frio é coisa que não quero passar por nada deste mundo. Esta máscara surtiu um efeito que, há já algum tempo, nã

A Ditadura do "Ai, Que Limpinho Que Eu Sou!"

Se há coisa que me faz confusão é esta nova mania dos banhos, da depilação, dos perfumes, do aspecto plástico... Estas manias estão a tornar-se autênticas ditaduras! "Ai, aquele é um porcalhão, porque não toma banho todos os dias!"; "Ai, aquela não fez a depilação, que nojo!"; "Ela não usa perfume, que horror, se eu era capaz de sair à rua sem perfume..."; "Que coisa horrorosa, ele tem uma gordurinha na barriga!". Por favor, desde quando é que uma pessoa é porca por não tomar banho todos os dias? Ou porque tem pêlos? Ou porque não usa perfume? E a gordura, agora é sinónimo de sujidade? Tudo bem que as pessoas que cheiram mal sejam desagradáveis, mas as que tomam banho em perfume também são! E as que têm ar de bonecas insufladas são giras? E os pêlos, qual é o problema de se ter pêlos? Cabelos compridos podem-se ter, mas pêlos noutros sítios já são uma nojeira, é? Não me lixem! Vão mas é dar uma banhoca, em perfume, às zonas depila

"Não Comas Este Livro"

Comprei este livro para o J. Imagem   DAQUI Ele adorou-o, pois com ele pode quebrar todas as regras: rasgá-lo, sujá-lo, riscar o que lhe apetecer, colar porcarias, desenhar pessoas a quem lhe apetecia bater, e bater-lhes, passar com a bicicleta por cima do livro, escrever com os pés, etc., etc., etc... O miúdo ficou possuído por um geniozinho mau e todo ele era excitação. A cada página que virava, perguntava: -Mãe, posso? -Claro que podes! Com este livro podes tudo, menos comê-lo! Espreitem lá este vídeo e digam-me se este é, ou não, o livro da liberdade total?

Sem-Abrigo, Mas Com Dignidade

Entrou no café. Aspecto andrajoso, samarra a proteger-lhe o corpo, boca sem dentes. O dono do café dirigiu-se-lhe. Rapidamente, pegou nuns talheres e encaminhou-o para uma mesa na esplanada. Pediu que se sentasse. Trouxe-lhe uma sopa e afastou-se.  O homem comia a sopa devagar. Apenas duas colheradas seguidas. O estômago, habituado ao vazio, não aguentava mais que duas, apesar da fome querer a sopa de uma assentada. Vinte minutos para comer uma sopa, igual à que eu comi em cinco. Mal acabou a sopa, o homem pegou na tigela e deixou-a no balcão, num gesto mais educado do o de qualquer outro cliente limpinho e engravatado. Dirigia-se à casa-de-banho, quando eu saí. Fiquei com aquele homem às voltas na minha cabeça, o resto do dia... Tomado pela fome, ia ao café onde lhe davam uma sopa, em troca de se sentar numa mesa da esplanada, o mais longe possível dos restantes clientes. Afastado dos olhos de quem podia pagar a sopa e mudar de roupa todos os dias, a dignidade dele não se

Vou Contar-vos Um Segredo #6

Estou fartinha, fartinha  DESTA  (notícia 1)  GENTE  (notícia 2). Uns mandam e os outros, feitos parvinhos, obedecem. Já não há pachorra para uns tão armados em espertos e outros tão armados em otários! Se há alguém que tenho gostado de ouvir é  ESTE  (notícia 1)  SENHOR  (notícia 2). Todos os outros me soam esquisito. Então... era isto!

Diz-se...

Diz-se, aqui por casa, que ainda se vai descobrir que  esta menina , afinal, é uma deputada do partido do governo a fazer campanha "pró muito mais" austeridade.  Se há quem viva um ano com 1111€, e ainda lhe sobre dinheiro, nós, imensos sortudos, poderemos viver à grande com um salário mínimo para gastar num curtíssimo mês. E não me venham dizer que isto só poderia sair de uma cabeça como a minha, que tem a mania da conspiração, porque quem esteve todo o jantar a conspirar foram o pai do J. e sua digníssima sogra, ok?

Ligação Directa Ao Coração

- Ahhhhhhhh! - Não estejas sempre a gritar, J., que me assustas! Qualquer dia estás mesmo magoado e nós já não ligamos nenhuma aos teus gritos, porque já estamos habituados a ouvir-te gritar por tudo e por nada. Além disso, sempre que gritas, o meu coração fica apertadinho. - A sério? Porquê? - Porque me faz lembrar quando estavas hospital e gritavas, cheio de dores. Cada vez que gritas o meu coração fica apertadinho, apertadinho... Sorriu, com um sorriso que não deixou esconder um certo contentamento por ter descoberto esta ligação directa ao meu coração. Passados uns minutos... -Ahhhhhhhhh! - Fogo, J., o que é que eu te acabei de pedir? - Então mãe, sentiste? - O quê? - O coração... ficou apertadinho? Imagem da Net

"A Maior Flor do Mundo"

Hoje, no meu passeio higiénico da hora de almoço, pela livraria, comprei este livro para o J. Imagem  DAQUI O texto é delicioso e as ilustrações não se ficam nada atrás. Querem saber a história? Então, espreitem aqui:

O Primeiro Dia do Ano

Começámos o Ano Novo a escavar escavar,  e encontrámos isto um mamute.